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Eduardo Vítor Rodrigues

Aumento de casos no Norte. "Cercas sanitárias não resolvem nada, conferências da DGS só baralham”

20 out, 2020 - 21:34 • André Rodrigues

No dia em que a DGS revela que 59% dos novos casos positivos das últimas 24 horas estão no Norte do país, o presidente da Área Metropolitana do Porto reconhece que “os números são preocupantes”, mas rejeita soluções de isolamento. “É preferível sensibilizar para os riscos, sobretudo entre os jovens”, defende Eduardo Vítor Rodrigues.

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O presidente da Área Metropolitana do Porto rejeita a possibilidade de serem adotadas cercas sanitárias para travar os contágios na região, depois de ter sido revelado que, nos últimos dias, mais de metade dos novos casos de Covid-19 surgiram na região Norte. Vila Nova de Gaia está no topo da lista de 17 concelhos com mais casos desde o início da pandemia.

Vila Nova de Gaia, o município onde Eduardo Vítor Rodrigues é autarca, concentra 2.888 pessoas infetadas (na última semana surgiram 299 casos). Já nas últimas 24 horas, de acordo com o boletim atualizado pela DGS esta terça-feira, 59% dos novos casos positivos de infeção foi registado no Norte.

“Sem desvalorizar a dimensão do número”, o responsável argumenta, em declarações à Renascença, que, “se quisermos ver os números baixar, temos de parar os testes e não é isso que queremos”.

Por isso, “há que reconhecer, também, que este aumento do número de casos decorre de uma política muito mais proativa de testagem que está a acontecer na região”, argumenta o presidente da Câmara de Gaia.

Analisando o contexto global do Grande Porto, diz acreditar que “não existe nenhum sítio na Área Metropolitana do Porto que esteja de tal maneira afetado que justifique isolar para evitar uma grande contaminação territorial… uma cerca sanitária não resolveria absolutamente nada”.

Conferências da DGS? “Mais valia sensibilizar”

Eduardo Vítor Rodrigues sustenta que “o problema não está tanto no território, mas sim no comportamento das pessoas”, por isso defende “um reforço de ações de sensibilização que, por exemplo, pudessem substituir as já fastidiosas conferências de imprensa da DGS que nada acrescentam, só baralham, e não contribuem em nada para olharmos para o assunto de forma pedagógica”.

Neste ponto particular, pensa, “sobretudo, na população mais jovem: os municípios onde ocorre o maior aumento de casos são, tendencialmente, municípios mais jovens e não será por acaso que são do Norte, que é a zona mais jovem do país”.

“Falo daquela faixa etária que não teve Queima das Fitas, que não teve receção ao caloiro nem festivais de verão e que acredita que isto é mais uma gripe difícil.

"O que temos tido é jovens a facilitar, e muito, nas suas sociabilidades sem perceberem que, depois, mesmo que não sejam vítimas no sentido da intensidade do problema, são transmissores para pais e avós. Basta estar na entrada de uma escola para perceber a rotina que há de, pondo um pé fora da escola, imediatamente se tira a máscara, como se a Covid deixasse de existir, porque saiu da escola”, adverte.

Desfasamento de horários? “Uma oportunidade perdida”

Por outro lado, o presidente da Área Metropolitana do Porto lamenta que a generalidade das empresas, dos serviços da Função Pública e das escolas não estejam a cumprir as entradas e saídas em horas desencontradas.

“As pessoas continuam a entrar todas à mesma hora, nas universidades o desfasamento nem existe e nas escolas é muito curto, entre 15 e 20 minutos… e não teria consequências de maior para a nossa organização como sociedade”.

Na sua opinião, a consequência é inevitável: “Se não há desfasamento de horários e se as pessoas têm de sobreviver, obviamente vão apanhar o autocarro todas à mesma hora.”

E para o autarca de Gaia, essa é a outra chave que ajuda a explicar o aumento exponencial de casos de infeção dos últimos dias.

Não há uma relação exclusiva, mas antes uma relação direta explicativa entre a lotação dos transportes e as infeções a subir”, sugere o presidente da Câmara de Gaia.

Apesar do reforço financeiro para reforçar a operação dos transportes públicos, Eduardo Vítor Rodrigues diz que “não é possível fazer isso ao ponto de ser rentável transportar apenas dois terços da lotação, no caso dos autocarros".

"Não é possível pôr mais autocarros na rua, porque isso exige dinheiro. Estamos a exigir mais autocarros e mais motoristas com a mesma bilhética e com os mesmos recursos e isso é insustentável para os privados mas é suportável para a STCP, porque, no fim, o Estado paga.”


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