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Volta a Itália. "João Almeida vai lutar até ao último dia"

19 out, 2020 - 09:27 • Lusa

Antigo treinador do ciclista português que lidera o Giro recorda um atleta "muito focado" e com uma evolução natural até à Deceuninck Quick-Step.

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O treinador Célio Apolinário, que orientou João Almeida, líder da Volta a Itália em bicicleta, acredita que o ciclista português poderá mesmo conseguir vencer o Giro.-

"Enquanto puder, vai lutar até ao último dia. Muito sinceramente, estou esperançoso e acredito que o João nos possa trazer o ‘Giro’. Só se ele tiver um dia mau. Vai vender cara [a vitória] ao [Wilco] Kelderman, que vai ter de suar muito", comenta, à agência Lusa.

No domingo, ficou na retina uma imagem do ciclista luso exausto, a percorrer vários quilómetros, a solo, da subida final atrás do holandês, que agora é segundo da geral, a 15 segundos, para acabar em quarto e manter-se na liderança.

"Foi sempre assim, sempre lutou até ao fim. Às vezes chegava à meta, com os pais à espera, e agarravam-no porque ele vinha mesmo exausto. Dava sempre tudo. Hoje, os profissionais fazem o trabalho deles e abrem para o lado. O João, a trabalhar para o Remco [Evenepoel, colega de equipa], dava tudo e depois ainda dava mais, para ver se chegava a um bom lugar para ele. Nunca desiste", explica.

Quanto ao sucesso que está a ter, já tinha sido preconizado meio na brincadeira, em conversa entre os dois: "Falámos quase diariamente, quando possível, e disse-me que ia bem preparado para o ‘Giro’, e eu até lhe disse que estava na altura de bater o recorde do Acácio da Silva", que em 1989 também vestiu a ‘maglia rosa', assevera.

João brincou: "’então, vamos lá ver se consigo'", e o resultado prova que havia fundo na "expectativa que existia". "Mas ninguém pensava que fosse tão cedo", alerta.

Primeiras memórias

Célio Apolinário, que treinou o jovem ciclista em cadetes e juniores, lembra “uma joia de moço”, dedicado, humilde e talentoso, que "nunca desiste".

"O João sempre foi muito focado. Foi um evoluir natural, porque sempre ‘voou' nos contrarrelógios, sempre rolou bem, e nas etapas de montanha nunca teve dificuldade nenhuma. O João, quando cometia um erro, só o cometia uma vez. Era muito atento e gostava muito de aprender. E também era um excelente aluno", revela.

Um dos treinadores que marca o percurso profissional do ‘miúdo' de 22 anos que lidera, ao serviço de uma Deceuninck-QuickStep que sempre quis representar, o ‘Giro’, descreve-o como alguém que sempre foi "muito focado".

Apolinário, de resto, foi um dos treinadores que ficou cativado pelo ‘miúdo' de A-Dos-Francos, nas Caldas da Rainha, pois viu-o muito cedo, quando corria “na EcoSprint, das Caldas, uma equipa virada para o BTT”.

Numa das provas que fizeram na estrada, gostou de o ver, "tinha ele 14 anos".

"Noutra prova voltei a olhar para ele. Nem sequer andava ali na frente, mas era sempre muito ‘raçudo’, sem desistir. Disse ‘epá, este miúdo é ciclista, tenho de o convidar'”, conta.

João Almeida lidera o Giro desde a terceira etapa. No domingo, na 15ª etapa, de alta montanha, João Almeida perdeu 37 de segundos de vantagem para Wilco Kelderman, que reduziu para 15 segundos de desvantagem na classificação geral para o luso.

Esta segunda-feira é o último dia de descanso no Giro. A última semana de prova terá várias etapas de alta montanha.

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