15 out, 2020 - 16:44 • Aura Miguel
Numa mensagem vídeo hoje divulgada a partir da Universidade Lateranense, em ligação com especialistas e responsáveis de vários setores ligados ao ensino e à cultura, o Papa Francisco aposta “na construção duma civilização da harmonia, da unidade, onde não haja lugar para esta pandemia ruim da cultura do descarte”.
A Covid-19 acelerou e amplificou graves problemas, não só no campo da saúde e na realidade económica e social, mas também a nível escolar e académico, sublinha o Santo Padre.
“Segundo alguns dados recentes de agências internacionais, fala-se de «catástrofe educativa» – é talvez forte a expressão, mas fala-se de «catástrofe educativa» –, pois cerca de dez milhões de crianças poderiam ser obrigadas a abandonar a escola por causa da crise económica gerada pelo coronavírus, agravando uma disparidade educativa já alarmante (com mais de 250 milhões de crianças, em idade escolar, excluídas de toda e qualquer atividade formativa)”, refere Francisco.
“Perante realidade tão dramática, sabemos que as inevitáveis medidas sanitárias se revelarão insuficientes, se não forem acompanhadas por um novo modelo cultural. Esta situação fez crescer a consciência de que se deve imprimir uma viragem ao modelo de desenvolvimento.”
O Papa desafia todos a aderirem “a um pacto educativo global para e com as gerações jovens, que empenhe as famílias, as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a humanidade inteira na formação de pessoas maduras”, sem esquecer os homens e mulheres da cultura, da ciência e do desporto, os artistas, os operadores dos meios de comunicação social”.
Este pacto global inclui um conjunto de compromissos (lei aqui o documento em PDF) e todos são chamados a colaborar, porque “seria infantil” esperar tudo dos governantes, conclui Francisco.
“Sejamos parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas” e saibamos “empenhar-nos corajosamente a dar vida, iniciando processos criativos e transformadores em colaboração com a sociedade civil”, “para encontrar os caminhos a percorrer na situação atual de emergência”, afirma o Papa.