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Médicos de Saúde Pública

Obrigar a usar app e máscara na rua? "A estratégia do Governo falha no essencial"

15 out, 2020 - 17:01 • Henrique Cunha

Associação de Médicos de Saúde Pública lembra que a maioria das novas infeções tem ocorrido em "ambientes familiares, festivos", pelo que nenhuma das medidas "muda essa situação" ou responde eficazmente ao problema.

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A estratégia do Governo face aos sucessivos recordes de casos diários de Covid-19 no país, que passa pela potencial obrigatoriedade de usar máscara na via pública e a app StayAway Covid, "falha no essencial".

É o que defende à Renascença o vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, no dia em que foi conhecida a proposta de lei que o Governo quer ver aprovada no Parlamento e que prevê multas de até 500 euros para não quem cumprir as regras.

"A estratégia do Governo falha no essencial", diz Gustavo Tato Borges, lembrando que "a maioria das infeções ocorreu em ambientes festivos, familiares, no domicílio das pessoas", pelo que as regras que o executivo quer impor "não mudam esta situação"

Em vez de obrigar os portugueses -- sobretudo da função pública, forças e serviços de segurana e forças armadas -- a utilizar a aplicação StayAway Covid, o Governo devia optar por outro tipo de "abanão".

O número dois da Associação de Médicos de Saúde Pública diz que seria mais útil, por exemplo, "voltar a proibir deslocações para fora do concelho de residência", como aconteceu na Páscoa, durante o primeiro pico epidémico de Covid-19 em Portugal.

"Deveria haver uma campanha de informação adequada, destinada aos jovens e às famílias, para alertar para o risco que correm", acrescenta Tato Borges, adiantando que os médicos de saúde pública não consideram "fundamental" o uso obrigatório de máscara na rua.

Sobre a app StayAway Covid, o médico lembra que "tem várias limitações" e que, apesar das vantagens, ainda "tem arestas por limar". Dá como exemplo o facto de "não dizer quando é que houve contacto com um caso positivo" -- uma informação que seria útil, sem sequer ser necessário referir horas ou local específico, defende Tato Borges. Saber o dia seria "muito mais interessante para depois se poder implementar as medidas necessárias".

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