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​Histórias de migrantes na primeira pessoa mostradas em Castelo Branco

14 out, 2020 - 19:01 • Maria João Costa

Cristina Rodrigues traz ao Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco a exposição “Travessia”, que criou para o Centro Internacional de Artes Vivas Naves Matadero, de Madrid.

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Cristina Rodrigues é artista, mas foi também emigrante. A sua experiência pessoal foi-lhe útil para criar a exposição “Travessia” que desenvolveu em 2019 para o prestigiado Centro Internacional de Artes Vivas Naves Matadero, de Madrid, e que agora mostra em Portugal, no Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco (CCCCB).

A artista portuguesa, que já teve o seu trabalho exposto na Catedral de Manchester, conta à Renascença que trabalha “o tema da emigração há muitos anos”, ela que também saiu de Portugal em 2008 quando foi morar para o Reino Unido.

A exposição, que agora apresenta no seu país, foi criada a convite do curador espanhol Mateo Feijóo para o projeto “Home is the Cathedral of Life”, do Matadero. Para criar estes trabalhos, Cristina Rodrigues entrevistou “durante 20 meses” dezenas de migrantes vindos “da América Central, da América do Sul e de Africa que decidiram ir viver para a cidade de Madrid”.

Nos testemunhos que ouviu a artista, formada em arquitetura, refere que “muitos tocam num ponto comum”. “É o sentir que deixaram de pertencer ao país de onde vêm e sentir que também não pertencem bem ao lugar onde estão. É como se vivessem constantemente num lugar intermédio”, conta Cristina Rodrigues.


A artista olha também para os relatos que ouviu sobre o desafio da travessia, de ir de um continente a outro e cruzar o mar. Cristina Rodrigues fala ainda da questão da integração e das dificuldades deste migrantes deixarem a cultura que conhecem e tentarem integrar-se noutra. “No fundo vão rumo ao desconhecido”, conclui.

Uma das peças que simboliza essa “Travessia” e que é mostrada em Castelo Branco “tem 12 metros de comprimento. É um mar têxtil gigante com várias pessoas suspensas a atravessarem esse mar, ou seja, é simbólico deste percurso que o migrante faz quando ruma a um novo destino”, explica a artista.

Com uma ligação a Castelo Branco, Cristina Rodrigues aproveitou os momentos do confinamento para criar novas peças que integra também nesta exposição agora mostrada no CCCCB. Com a quebra de toda a atividade que tinha prevista, incluindo um projeto na China, a artista plástica desenvolveu outro género de trabalho.

“Nota-se esse trabalho de atelier individual que é uma faceta completamente diferente”, refere Cristina Rodrigues, a artista que apresenta a exposição “Travessia”, de terça a domingo no CCCCB até 31 de janeiro de 2021.

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