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Notícia Renascença

Vestígios islâmicos na Sé de Lisboa ficam no claustro, decide Ministério da Cultura

14 out, 2020 - 07:00 • Maria João Costa

Em articulação com o Patriarcado de Lisboa, o Ministério da Cultura decidiu que os vestígios arqueológicos islâmicos encontrados no claustro da Sé de Lisboa não serão movidos. Projetos de arquitetura e musealização terão de ser revistos.

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Enquanto são aguardados vários pareceres científicos sobre os achados arqueológicos islâmicos encontrados no claustro da Sé de Lisboa, o Ministério da Cultura já tomou a decisão. Os vestígios vão permanecer no local, não serão retirados e os projetos de arquitetura e musealização serão de novo revistos.

O caso tem gerado polémica nos últimos tempos, com a Direcção-Geral do Património Cultural a ser acusada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia de ter mandado desmontar os vestígios por interferirem com o projeto em curso.

O Ministério da Cultura avançou esta quarta-feira à Renascença que já tomou a decisão, de forma “articulada e consensualizada” com o Patriarcado de Lisboa para manter os achados onde estão.

A ministra Graça Fonseca explica que “tendo em conta o indiscutível valor patrimonial das estruturas descobertas, o que o ministério da cultura decidiu, em diálogo muito estreito com o Patriarcado de Lisboa, é que os vestígios devem ser conservados, musealizados e integrados no projeto de recuperação da Sé Patriarcal”.

Graça Fonseca acrescenta que já deu “orientações à Direcção-Geral do Património Cultural para que a proposta arquitetónica do núcleo museológico seja adaptada, no sentido da sua salvaguarda e da valorização in situ dos vestígios encontrados”.

O objetivo, refere a titular da pasta da Cultura, é “integrar os achados no projeto de musealização” e torná-los visitáveis pelo público no futuro. O projeto para o claustro da Sé arrasta-se há anos e tem levantado polémica.

A mais recente deu-se entre arqueólogos e a Direção-Geral do Património Cultural. O diretor Bernardo Alabaça considera que não seria possível manter estes vestígios no local, a bem da segurança da estrutura dos claustros da Sé.

No final de setembro, numa visita às obras no local, o diretor geral do Património afirmava: “A necessidade de conferir estabilidade estrutural a esta intervenção obriga a que haja alguns elementos que têm de ser, de facto, construídos, e portanto o que está em causa é algum impacto que se procura minimizar com a alteração do projeto e com outras iniciativas, nomeadamente aquilo que se propõe agora, que é a exumação de uma estrutura parcial, daquilo que se acredita serem os vestiários de um balneário islâmico.”

As explicações de Alabaça não convenciam, no entanto, a arqueóloga Alexandra Gaspar, que faz a direção científica da obra. A responsável que falava então em “achados únicos a nível peninsular e a nível de Argélia” defendia a permanência dos achados que se suspeitam pertençam a uma antiga mesquita.

Sobre a origem destes vestígios arqueológicos, à Renascença a ministra da Cultura indica que “estão em curso a elaboração de diferentes pareceres científicos”. Graça Fonseca aponta a importância destes pareceres “para a musealização, no local, dos achados” e para a sua “valorização”.

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