08 out, 2020 - 13:04 • Aura Miguel
“A adoração do antigo bezerro de ouro encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem uma finalidade verdadeiramente humana”, disse o Papa nesta quinta-feira numa audiência a um grupo de especialistas do Comité do Conselho da Europa (Moneyval).
No final da visita desta delegação para a avaliação periódica das medidas contra a lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo, Francisco lembrou a necessidade de haver “finanças limpas”, que estejam ao serviço do homem, sobretudo, dos mais fracos.
Para tal, é necessário “repensar nossa relação com o dinheiro”, pois, “em certos casos, parece ter-se aceitado o predomínio do dinheiro sobre o Homem”, disse.
O Santo Padre alertou ainda para o facto de, por vezes, “para acumular riqueza, não se prestar atenção à sua origem, às atividades lícitas ou não que a originaram, nem à lógica de exploração que pode subjugá-la”.
Deste modo, “acontece que, em algumas circunstâncias, se toca em dinheiro e se suja as mãos de sangue, do sangue dos irmãos. Ou mesmo, pode acontecer, que recursos financeiros sejam destinados a semear o terror, para afirmar a hegemonia do mais forte, do mais prepotente, de quem sem escrúpulos sacrifica a vida do irmão para afirmar o próprio poder.”
Para o Papa Francisco, “a especulação financeira com o lucro fácil como finalidade fundamental continua a fazer destruição”.
E concluiu: “quando a economia perde o seu rosto humano, não se serve do dinheiro, mas é serva o dinheiro. Esta é uma forma de idolatria contra a qual somos chamados a reagir”, pois “o dinheiro deve servir e não governar”, destacou.