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Setúbal

Arsénio no Vale do Rosa. ZERO teme contaminação dos solos e águas subterrâneas

07 out, 2020 - 19:48 • Lusa

CCDR-LVT estará na posse de um estudo que indica “ligeiras excedências aos valores de referência do arsénio em três amostras”. Associação ambientalista pede resposta urgente à secretaria de Estado do Ambiente.

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A associação ZERO pediu esta quarta-feira uma resposta urgente da secretaria de Estado do Ambiente face à possibilidade de contaminação dos solos e águas subterrâneas com arsénio, num depósito de resíduos perigosos no Vale da Rosa, em Setúbal.

“Um estudo encomendado pelo proprietário do terreno (Millennium BCP) veio confirmar a perigosidade dos resíduos, assim como apontar para um total de 80 mil toneladas”, refere um comunicado hoje divulgado pela ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável.

A ZERO sublinha a urgência de respostas por parte da secretaria de Estado do Ambiente face à notícia hoje publicada pela revista "Visão", segundo a qual a CCDR-LVT (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo) estará na posse de um estudo de avaliação da contaminação dos solos e água subterrâneas, que identificou “ligeiras excedências aos valores de referência do arsénio em três amostras”.

O arsénio é uma substância que pode causar diversos tipos de cancro.

A ZERO tinha denunciado a existência de um depósito de cerca de 30 mil toneladas de resíduos perigosos, perto das antigas instalações da empresa Metalimex, junto ao Complexo Municipal de Atletismo de Setúbal no passado mês de junho.

Inicialmente, a ZERO acreditava que os resíduos em causa eram escórias de alumínio da antiga empresa Metalimex, mas, segundo o comunicado, a CCDR-LVT esclareceu, entretanto, que os resíduos em causa eram provenientes da empresa Eurominas Electro-Metalurgia.

“Um dos aspetos mais relevantes destas informações, além da possível contaminação dos solos com arsénio, é o facto de estes resíduos terem sido utilizados durante vários anos na construção civil”, sublinha a ZERO no comunicado.

“Além disso, será importante saber quem vai financiar a remoção e tratamento destes resíduos, não sendo ainda um dado adquirido que o atual proprietário do terreno vá assumir esses custos”, acrescenta o comunicado.

A associação recorda ainda que alertou a secretaria de Estado do Ambiente para a existência do depósito de resíduos perigosos no passado mês de junho, mas que, até hoje, ainda não recebeu qualquer esclarecimento.

Logo após a denúncia da ZERO, o Millennium BCP confirmou à agência Lusa que era o proprietário de uma parte dos terrenos, que recebeu no âmbito do processo de insolvência de uma empresa Pluripar, em 2017, que se propunha construir um empreendimento urbanístico com cerca de 7.000 fogos e um estádio de futebol naquela zona.

O banco Millennium BCP referiu ainda que desconhecia a existência de resíduos perigosos no local.

Confrontado com a existência do depósito de resíduos no Vale da Rosa, em Setúbal, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, afirmou, na altura, que se não fosse possível apurar quem eram os responsáveis pela deposição dos resíduos no Vale da Rosa, o próprio Estado se encarregaria de proceder à remoção dos mesmos.

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