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Astrónomos descobrem “teia” de galáxias presas a um buraco negro

01 out, 2020 - 11:14 • Marta Grosso com Lusa

Foram avistadas seis galáxias, algo só possível com recurso a alguns dos maiores telescópios do mundo. É a primeira vez que um grupo coeso de galáxias é visto a alimentar um buraco negro supermassivo.

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Foi descoberta uma "teia" de galáxias em redor de um super buraco negro, com uma massa mil milhões de vezes superior à do Sol. A informação é avançada nesta quinta-feira por algumas instituições científicas.

Ao observarem buracos negros supermassivos, os astrónomos questionaram-se como poderiam estes gigantes ter tempo para engolir tanta matéria quando o universo era tão jovem.

Depois de muitas observações feitas a partir de alguns dos maiores telescópios do mundo (incluindo o Very Large Telescope do European Southern Observatory, no Chile), algumas delas durante toda a noite, os cientistas descobriram um buraco negro com mil milhões de vezes a massa do Sol e com menos a mesma quantidade de anos, ligado a seis galáxias.

A ligação é feita por filamentos – tubos de alimentação para o buraco negro supermassivo, que se encontra ao centro.

O relato é feito na revista “Astronomy & Astrophysics” e divulgado também no Observatório Europeu do Sul, onde, para ajudar a visualizar a descoberta, a descoberta é descrita como se as galáxias estivessem presas numa "teia de aranha cósmica de gás que se estende no espaço ao longo de uma dimensão de cerca de 300 vezes o tamanho da Via Láctea".

"Os filamentos da teia cósmica são como os fios de uma teia de aranha. As galáxias permanecem e crescem nos sítios onde os filamentos se cruzam e correntes de gás disponíveis para alimentar tanto as galáxias como o buraco negro central supermassivo correm ao longo dos filamentos", ilustra o astrónomo Marco Mignoli, do Instituto Nacional de Astrofísica italiano, sedeado em Bolonha.

A equipa de astrónomos acredita que uma aglomeração de matéria escura é a responsável pelo agrupamento das galáxias. Esta matéria é a substância misteriosa, invisível, que representa, ao que tudo indica, 85% da matéria do universo. A matéria escura pode ter puxado grandes quantidades de gás e poeira, permitindo que as galáxias e o buraco negro se formassem.

A radiação destas galáxias viajou desde praticamente a infância do Universo, na altura em que este tinha 900 milhões de anos, sendo a primeira vez que um grupo deste tipo é observado tão perto do início de tudo – o chamado “Big Bang”.

Os cientistas pretendem compreender melhor como é que se formaram buracos negros supermassivos (como o que existe no centro da Via Láctea) e como é que se tornaram tão grandes.

"A nossa descoberta apoia a ideia de que os buracos negros mais distantes e massivos se formam e crescem no seio de halos massivos de matéria escura em estruturas de larga escala", afirmou o astrónomo Colin Norman, da universidade norte-americana Johns Hopkins, em Baltimore, co-autor do estudo publicado na revista Astronomy & Astrophysics Letters.

Os astrónomos acreditam que as galáxias observadas, "das mais ténues que os telescópios atuais conseguem observar" são “apenas a ponta do icebergue”.

“Pensamos que as poucas galáxias que descobrimos até agora em torno deste buraco negro supermassivo sejam apenas as mais brilhantes", referiu Barbara Balmaverde, do instituto italiano.

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