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CNC decide futuro dos vestígios de mesquita na Sé de Lisboa

30 set, 2020 - 16:55 • Manuela Pires , com redação

Os restos do que se acredita ter sido um vestiário islâmico, de uma mesquita almorávida, são únicos na Península Ibérica e só têm paralelo na Argélia, diz a arqueóloga Alexandra Gaspar.

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A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) vai pedir um parecer ao Conselho Nacional de Cultura (CNC) sobre os vestígios de uma mesquita que foram encontrados durante as obras nos claustros da Sé de Lisboa.

A decisão é anunciada depois do Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia ter acusado a DGPC de destruir estes vestígios islâmicos.

Perante a polémica, o diretor-geral do Património Cultural, Bernardo Alabaça, decidiu pedir o parecer e garante que vai tornar vinculativa a decisão deste órgão consultivo do Ministério da Cultura.

“Vamo-nos vincular ao resultado desse parecer. A questão é que se o parecer for negativo relativamente a esta proposta, então aí temos de estudar alternativas, o que implica mais tempo de espera”, avisa.

Em causa estão duas paredes onde existe um banco construído em alvenaria de tijolo com dois pequenos arcos, e que, segundo a direção científica da intervenção, seriam os vestiários do balneário da mesquita e uma área base do minarete que terá existido naquele local.


Bernardo Alabaça diz que não seria possível manter estes vestígios no mesmo local, a bem da segurança da estrutura de toda a intervenção nos claustros da Sé.

“A necessidade de conferir estabilidade estrutural a esta intervenção obriga a que haja alguns elementos que têm de ser, de facto, construídos, e portanto o que está em causa é algum impacto que se procura minimizar com a alteração do projeto e com outras iniciativas, nomeadamente aquilo que se propõe agora, que é a exumação de uma estrutura parcial, daquilo que se acredita serem os vestiários de um balneário islâmico.”

As explicações do diretor-geral do Património Cultural não convencem a arqueóloga Alexandra Gaspar, da direção científica desta obra.

Alexandra Gaspar está contra a decisão e diz que basta uma alteração ao projeto.

“Até pode ser uma coisa simples, pode ser só o deslocar desta área que está destruída”, explica, sublinhando que estes vestígios são únicos em toda a Península Ibérica, só existindo paralelos na Argélia.

“São únicos a nível peninsular e a nível de Argélia. Só temos paralelos para mesquitas almorávidas na Argélia. Mas aqui em Lisboa temos os almorávidas a construir esta mesquita nos inícios do Século XII, e depois, logo a seguir, em 1147, a cidade é conquistada e aqui só vamos ter um poder cristão a funcionar.”

Argumentos da arqueóloga que defendeu, em parecer, a manutenção dos vestígios da mesquita de Lisboa encontrados nos claustros da Sé.

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