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O futuro em Portugal tem menos água

30 set, 2020 - 09:48 • Olímpia Mairos

A organização Associação Natureza Portugal revela que nos próximos cem anos a precipitação em certas regiões do país, como o Algarve, pode sofrer uma redução de até 30%.

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A água disponível em Portugal é cada vez menor. O alerta é da Associação Natureza Portugal (ANP) que, em antecipação ao Dia Nacional da Água, que se celebra esta quinta-feira, produz um relatório em que dá conta que “nos próximos cem anos a precipitação em certas regiões do país, que atualmente já estão a atravessar séria escassez hídrica, como o Algarve, podem sofrer uma redução de até 30%”.

No documento intitulado “O Futuro tem menos Água”, a associação defende, entre outras medidas, a necessidade de limitar o consumo de água em algumas bacias do país nomeadamente Sado, Mira e Barlavento Algarvio, como forma de prevenir um futuro sem água para estas regiões e populações.

Uma medida que a associação justifica, tendo em conta que Portugal tem cada vez menos água disponível.

“Devido ao aumento global de temperatura, a verões mais longos, menos chuva no inverno e, consequentemente, menos água à superfície e a infiltrar-se na terra, o nosso país tem atravessado secas cada vez mais frequentes e prolongadas, particularmente em zonas onde isso não acontecia”, assinala a Associação Natureza Portugal.

De acordo com a Diretora Executiva da ANP|WWF, Ângela Morgado, “as alterações climáticas irão ter o seu maior impacto na disponibilidade de água, pelo que importa neste momento agir o quanto antes, quer ao nível da adaptação local a esta nova realidade, quer ao nível da mitigação global deste fenómeno”.

“Isto apenas acontecerá se existir uma nova postura por parte dos líderes mundiais, que devem reconhecer e acordar na necessidade de termos um Novo Acordo Pela Natureza e as Pessoas, e agir de forma efetiva na proteção da biodiversidade, fomentando uma melhor gestão da água”, defende Ângela Morgado.

Já Afonso do Ó, especialista em Água na ANP|WWF, considera que “já não basta apelar ao consumidor para poupar água ou melhorar a eficiência das redes”. São “esforços necessários”, mas “não são suficientes”, afirma Afonso do Ó, tendo em conta que “um aumento de consumo de água, ainda que numa rede mais eficiente, significa sempre que tem de existir mais água disponível para fazer face à procura”.

“O futuro vai ter menos água e é essencial que todos nós tenhamos esta consciência”, enfatiza o especialista, defendendo que deve partir dos governantes preparar esta realidade, “limitando o consumo em algumas bacias portuguesas, permitindo apenas os consumos onde tenham garantia de abastecimento e promovendo medidas efetivas para proteger os recursos hídricos, em particular no Sul do País”.

De acordo com a organização ambientalista portuguesa que trabalha em parceria com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), a situação “é mais gravosa no setor agrícola, maior consumidor de água e também aquele que exerce uma maior pegada hídrica sobre os recursos, quer do País quer dos restantes países donde importamos bens que necessitam de água para serem produzidos”.

Comentários
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  • Cidadao
    01 out, 2020 Lisboa 10:02
    Transvases, instalações de dessalinização da água do mar, substituir regadio por sequeiro, e uma melhor gestão de rios, seriam medidas a tomar. A tomar. Não a perderem tempo em conferencias, colóquios, reuniões interminaveis, donde saem "conclusões" que caem bem na Comunicação Social e ... morrem aí
  • Ivo Pestana
    30 set, 2020 Funchal 15:16
    Poupem e canalizem. Vejo muito desperdicio. Na Madeira muita água corre para o mar. Para quê?

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