25 set, 2020 - 07:00 • Ângela Roque
Os jesuítas estão a organizar uma vigília e retiro que vai decorrer online.
“Queremos convidar as pessoas que possam a estarem connosco esta sexta-feira a participarem na vigília, pode ser uma boa forma de fazermos este caminho unidos”, diz à Renascença o diretor do Ponto SJ, o portal dos jesuítas em Portugal.
Denominada ‘Respirando Juntos’, esta vigília de Oração foi organizada a nível internacional pelos jesuítas. “É uma vigília global na sequência da que houve no Pentecostes. Vamos estar ligados a diferentes comunidades inacianas, nomeadamente da Amazónia, da bacia do Congo, sítios onde, de facto, existem grandes problemáticas do ponto de vista ambiental, vamos escutar testemunhos e momentos de reflexão, para gerar esta consciência comum de cuidado pela Terra”, explica o padre José Maria Brito, acrescentando que “o fio condutor da vigília será dado pelo Geral dos jesuítas, o padre Arturo Sousa”.
O momento de oração será transmitido através da página de Youtube do Jesuítas Global, e em Portugal através do Ponto SJ. “Também faremos essa ligação”, diz, lembrando que o objetivo da vigília é “ajudar a criar a consciência de pertença a esta Casa Comum, perceber que no fundo os bens da Criação não conhecem fronteiras, são bens que estão ao serviço de todos e devem ser usados para bem de todos”.
Os jesuítas associaram este ano, pela primeira vez, à iniciativa ‘Tempo da Criação’ (de 1 de setembro a 4 de outubro), e ao longo do mês têm partilhado nas suas redes sociais uma proposta diária de meditação ou de ação concreta relacionada com a ecologia integral. Estas sugestões podem ser encontradas no Facebook dos Jesuítas em Portugal e no Instagram do Ponto SJ.
Na próxima semana o Ponto SJ lança uma proposta de retiro online, com meditações áudio. A iniciativa resulta de uma parceria com a Rede Cuidar da Casa Comum, uma plataforma de ONG’s ligadas ao tema da ecologia integral, e que a Companhia de Jesus também integra.
O retiro online 'Uma Pausa pela Terra' “é uma proposta de meditação diária em podcast, com duração de 1 minuto, e que será publicada ao longo destes últimos sete dias do ‘Tempo da Criação’, entre 28 de setembro, segunda-feira, e domingo”, explica José Maria Brito. São “meditações inspiradas em sete verbos: agradecer, refletir, informar-se, agir, contemplar, rezar e saborear”, e vão estar disponíveis “quer no Sound Cloud, quer no Spotify, e também no Ponto SJ, com acesso ao áudio da meditação”.
Para o responsável pelo Portal dos Jesuítas, o ‘Tempo de Criação’ “é uma experiência muito bonita, porque além de nos ligar à nossa comunidade, também nos dá um sentido de pertença alargada às comunidades cristãs”.
“Este é um tempo ecuménico, que até começou noutras denominações cristãs, mas em 2015 o Papa Francisco tomou-o como um tempo da Igreja”, numa iniciativa que tem vindo a revelar-se cada vez mais oportuna e atual. “Ainda que durante o confinamento a poluição possa ter diminuído, porque houve menos pessoas e automóveis a circular, a pandemia agravou algumas problemáticas e há desequilíbrios ambientais que prejudicam algumas comunidades mais frágeis”, refere o diretor do Ponto SJ, para quem “esta consciência tem de estar muito presente. Por isso esta é uma forma de rezarmos, mas também de nos tornarmos mais consciente, para não rezarmos no vazio, mas rezarmos a partir da vida concreta das pessoas”.
O facto destas iniciativas decorreram no modo mais habitual por estes dias, o online, indica que as pessoas “vão acompanhando”, mas “não substitui aquilo que é a experiência comunitária”. Mas acha que um “bom fruto” deste tempo em que se passou a usar mais os meios digitais é a partilha que tem existido, por exemplo, das meditações que vão publicando.
“Acabou por ser uma ajuda até para outras comunidades que, embora com outras formas de estar em Igreja, aproveitaram e partilharam. Houve pessoas que nos disseram que estavam a utilizar as nossas coisas com os seus alunos, outras na catequese, por grupos paroquiais”, conta. Mas embora considere que “isso é bom”, ainda mais “num momento em que as pessoas se sentem tão isoladas”, sublinha que não pode substitui “a responsabilidade do cuidado por aqueles que estão perto de nós”.