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Juíza britânica só decide sobre extradição de Assange após presidenciais nos EUA

25 set, 2020 - 17:05 • Lusa

Cabe à Justiça do Reino Unido, onde Assange está preso, determinar se o pedido de extradição da administração Trump respeita diversos critérios legais, e se não é desproporcionado e incompatível com os direitos humanos.

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A Justiça britânica vai divulgar a sua decisão sobre o pedido de extradição de Julian Assange para os Estados Unidos após a eleição presidencial norte-americana marcada para 3 de novembro, anunciou a juíza Vanessa Baraister esta sexta-feira.

O Governo dos EUA pediu a extradição do fundador do WikiLeaks, e os procuradores norte-americanos já indiciaram o australiano de 49 anos por 17 acusações de espionagem e uma por utilização indevida de computador, após a divulgação há uma década de mais de 700 mil documentos classificados sobre as atividades militares e diplomáticas norte-americanas, designadamente no Iraque e Afeganistão.

As acusações implicam uma sentença que pode ir até 175 anos de prisão.

O exame do pedido de extradição norte-americana deve ficar concluído na próxima semana em Londres, mas a juíza Vanessa Baraister concedeu à defesa de Assange um prazo para preparar os últimos argumentos.

“Evidentemente, parece pouco provável que tenhamos uma decisão antes de 04 de novembro”, declarou Edward Fitzgerald, um dos advogados de Assange, referindo que “é preciso ter em consideração que vai haver uma eleição e que o resultado é incerto”.

A defesa do fundador do WikiLeaks tem denunciado as perseguições políticas por parte do Presidente dos EUA e candidato à reeleição, Donald Trump.

“De uma forma ou de outra, a minha decisão será provavelmente anunciada após a eleição nos Estados Unidos”, indicou a juíza, ao conceder à defesa quatro semanas para preparar os seus últimos argumentos, e outras duas semanas ao Governo norte-americano.

A magistrada indicou que deverá indicar com precisão a data da sua decisão no final da próxima semana.

Julian Assange foi detido em abril de 2019 após sete anos na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou ao transgredir as condições da sua liberdade condicional por recear uma extradição para os Estados Unidos, que o acusam de ter colocado em perigo fontes dos serviços de informações norte-americanos.

Cabe à Justiça britânica determinar se o pedido norte-americano de extradição respeita diversos critérios legais, e designadamente se não é desproporcionado e incompatível com os direitos humanos.

Na passada segunda-feira, no decurso do julgamento perante o tribunal britânico, o perito informático Christian Grothoff referiu que diversos documentos diplomáticos dos EUA com nomes de fontes, difundidos pelo WikiLeaks em setembro de 2011, já circulavam na internet, após um jornalista do diário “The Guardian” ter publicado num livro o código secreto de acesso.

Em consonância com os argumentos da defesa, o professor de Ciências informáticas da universidade de Ciências Aplicadas de Berna (Suíça) considerou perante o tribunal penal de Old Bailei, em Londres, que “é injusto” que o australiano seja condenado por revelar a identidade das fontes, quando esses nomes já eram acessíveis após a publicação do livro do jornalista David Leigh.

Em fevereiro de 2011, Leigh, que em 2010 tinha colaborado com Assange na publicação no “The Guardian” de parte das mensagens (sem fontes), publicou o livro “WikiLeaks: Inside Julian Assange’s war on secrecy”, onde revela o código que lhe deu o australiano para desencriptar os arquivos completos.

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