Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Bispo de Vila Real apela ao envolvimento dos cristãos na Igreja e na resposta aos mais frágeis

23 set, 2020 - 14:59 • Olímpia Mairos

A preparar a celebração do centenário, a Diocese de Vila Real aposta nos meios digitais com vista à renovação pastoral e pede um olhar atento aos mais atingidos pela pandemia.

A+ / A-

O bispo da Diocese de Vila Real, D. António Augusto Azevedo, na mensagem de início de ano pastoral, dirigida a todos os diocesanos, alerta para as consequências da pandemia e apela ao envolvimento dos cristãos na vida da Igreja e na resposta aos mais frágeis.

“A pandemia, além do número de doentes e defuntos que tem causado, começa também a evidenciar graves consequências no plano económico e social. No mundo, mais ao perto ou mais ao longe, começa a crescer o número de pessoas desempregadas, de famílias carenciadas, de empresas e instituições em dificuldades”, alerta o prelado.

D. António Augusto pede aos cristãos que estejam “atentos a estas situações, de unir esforços e converter os corações, tantas vezes egoístas e gananciosos, para que se abram em gestos de partilha e solidariedade”.

“Um cuidado especial é devido às pessoas que vivem sós, sobretudo idosos e doentes”, declara o bispo de Vila Real, sublinhando que no atual contexto, também nas comunidades cristãs se “faz sentir uma redução de ofertas”, convidando, por isso, os cristãos a “uma maior partilha de bens nas suas comunidades para que não faltem os meios necessários para que cada paróquia seja sustentável e também para repartir pelos mais pobres”.

O bispo de Vila Real sublinha, na sua mensagem, que “uma especial preocupação, merecem os idosos nos lares (ERPI’s), tão atingidos por esta pandemia” e enaltece o “trabalho dedicado e corajoso das equipas técnicas e dos colaboradores destas instituições.

“Eles constituem um grande testemunho do que significa servir e cuidar do outro. Este reconhecimento é extensivo aos médicos e enfermeiros, auxiliares, cuidadores, voluntários (bombeiros), forças de segurança pelo seu incansável empenhamento. Da mesma forma, os responsáveis das IPSS’s, das Misericórdias e de outras instituições eclesiais, públicas ou privadas, são credores de reconhecimento pelo esforço acrescido na busca de respostas a esta adversidade”, refere o prelado vilarealense.

Aprofundar as raízes e apostar nos meios digitais

O bispo de Vila Real aponta também ao plano pastoral para o ano 2020/21, indicando que será o primeiro do triénio que assinala o centenário da diocese.

Aprofundar as raízes foi o lema escolhido para inspirar os trabalhos nos vários âmbitos da vida diocesana.

“Aprofundar as raízes significa dar-se conta que quanto mais profundidade elas atingem, mais forte pode ser a árvore, mais largos os seus ramos e abundantes os seus frutos. Só se pode crescer com raízes! Na vida da Igreja, como em tudo mais, construir o presente aberto a um futuro de esperança aconselha um exercício da memória que passa pelo conhecimento e valorização das nossas raízes familiares, comunitárias, culturais e cristãs”, afirma o bispo de Vila Real.

D. António Augusto Azevedo define como uma das prioridades, em tempos de pandemia, a valorização dos meios digitais, em particular na ligação às novas gerações, para fazer chegar a mensagem cristã e envolver a todos no dinamismo da diocese.

“As redes sociais e as novas plataformas digitais ocupam um lugar cada vez mais importante na vida das pessoas e das organizações. Elas estão a reconfigurar o mundo, moldando uma nova cultura, habitada sobretudo pelas gerações jovens e aberta à curiosidade dos mais velhos”, constata o prelado, acrescentando que, “sem esquecer o primado da pessoa ou substituir os valores da presença física e do encontro pessoal, estes novos meios ajudam a renovação pastoral, propondo novas linguagens, ampliando a comunicação e a participação de novos públicos”.

Na caminhada diocesana, o bispo destaca ainda a implementação da mensagem da encíclica ‘Laudato Si’, do Papa Francisco, sobre o cuidado da Casa Comum. Um texto publicado há cinco anos, mas que, no entender de D. António Augusto, “se revela de extrema atualidade”.

“De facto, são tantos os sinais de alarme sobre a situação do planeta que se impõe uma reflexão urgente que una crentes e não crentes, bem como a promoção de ações conjuntas que incrementem estilos de vida mais sustentáveis e práticas sociais mais amigas do ambiente. A conversão ecológica é uma causa do presente, decisiva para as gerações futuras, defende o responsável pela Diocese de Vila Real.

Visitas pastorais permanecem adiadas

O bispo da Diocese de Vila Real admite que a pandemia de Covid-19 vai condicionar o desenrolar da vida pessoal, familiar, social e das comunidades cristãs e apela a que nos diversos âmbitos da vida da diocese sejam respeitadas as normas das autoridades civis, bem como as orientações da CEP e as determinações diocesanas em vigor.

“Importa tomar consciência que os próximos tempos não serão fáceis e vão requerer de todos, a começar pelos cristãos, uma grande dose de responsabilidade no cumprimento das regras, de paciência para não ceder ao cansaço ou facilitismo e um grande espírito de comunhão e entreajuda”, declara D. António Augusto.

Na vida pastoral das paróquias, dos movimentos e associações, o prelado pede que se evitem as aglomerações de pessoas e dá indicações precisas, por exemplo, de como deve funcionar a catequese.

“A organização da catequese da infância e adolescência deve atender às orientações do Secretariado Nacional de Educação Cristã. Os grupos sejam adequados à dimensão dos espaços disponíveis (reduzidos a 10 ou 12 elementos) e podem funcionar de forma presencial, em alternância ou conjugação com encontros on-line”, indica D. António Augusto.

O prelado considera também que será necessário promover um maior envolvimento das famílias na catequese, alertando que nos encontros presenciais é indispensável cumprir as regras básicas do uso de máscara, distanciamento, higienização das mãos, arejamento das salas.

Já em relação à celebração da eucaristia, D. António Augusto considera que “os atuais condicionamentos nas celebrações não podem servir de pretexto para um afastamento dos crentes, mas podem ser oportunidade para reforçar o amor por este sinal maior da presença do Senhor”.

“Participar presencialmente na missa dominical ou, quando não é possível, acompanhar por outro meio, continua a ser um dever do cristão”, acrescenta.

O bispo de Vila Real refere também na sua mensagem à diocese que “o sacramento da Reconciliação com confissão individual é indispensável para uma vida cristã mais plena.”

“Tendo presente as indicações da CEP para a realização deste sacramento, recomendo que em cada paróquia se preparem espaços apropriados e se estabeleçam tempos para que as pessoas se abeirem com confianças deste sacramento”, esclarece.

As visitas pastorais, com celebrações do Crisma, permanecem adiadas na Diocese de Vila Real, até que a situação pandémica permita a sua realização nos moldes habituais. Em seu lugar será agendado um tipo de visita do bispo às várias zonas da diocese, mais pessoal, simples e informal.

O novo ano pastoral “vai exigir de todos nós que pertencemos a esta amada Igreja Diocesana de Vila Real, uma fé mais forte, uma oração mais intensa e uma solidariedade mais efetiva”, declara o bispo de Vila Real, assegurando, no entanto, “que as situações de provação constituem sempre um desafio à nossa fé”.

A finalizar a sua mensagem, o bispo de Vila Real destaca que “em momentos difíceis como este, o papel das famílias e das comunidades é imprescindível” e apela a “todas as famílias da diocese a que se mantenham unidas no amor e na paz, conscientes do grande tesouro que representam”.

O prelado deixa também um apelo aos responsáveis das empresas, instituições e coletividades, aos decisores políticos locais e nacionais para que, “neste contexto tão exigente, nunca deixem de procurar o bem comum, no respeito pela dignidade e direitos da pessoa humana”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+