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Óbito

Tolentino Mendonça recorda D. Anacleto Oliveira como “homem de diálogo, apaixonado pela Palavra que anunciou”

19 set, 2020 - 13:00 • Aura Miguel

“’Escravo de todos’. Foi assim que ele pensou o seu ministério e o viveu de uma forma discreta, serena, dialogante, mas muito incisiva”, descreve o cardeal à Renascença. O bispo de Viana do Castelo morreu na sexta-feira, vítima de um acidente de carro.

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O cardeal Tolentino Mendonça destaca a forma discreta, serena e incisiva do ministério de D. Anacleto Oliveira, bispo de Viana do Castelo falecido na sexta-feira.

Em declarações à Renascença neste sábado, D. José Tolentino Mendonça define-o como um homem de diálogo e apaixonado pela Palavra que anunciou.

“Nesta hora que, para nós, na fé, assoma como um mistério de Páscoa do Senhor – porque é a vida do D. Anacleto de Oliveira que somos chamados a ver à luz do mistério de Cristo – eu recordo dois aspetos fundamentais”, começa por dizer.

“O primeiro é aquele que é dado pelo seu mote episcopal: uma palavra surpreendente, ou não, do Evangelho de Marcos, com uma grande força espiritual e que é a frase ‘Escravo de todos’. Foi assim que ele pensou o seu ministério e o viveu de uma forma discreta, serena, dialogante, mas muito incisiva em todos aqueles com quem se cruzou”, apontou o conselheiro do Papa.

“E depois, o grande Ministério da Palavra e do amor pela Palavra de Deus que o D. Anacleto de Oliveira viveu. Sendo um reconhecido exegeta, com uma altíssima especialização científica no estudo, no escrutínio das sagradas escrituras, ao mesmo tempo, ele foi – como diz o Papa Francisco na Exortação Evangeli Gaudium – um pregador que se deixa ferir pela beleza da Palavra, pela força da Palavra”, descreve.

Nestas declarações à Renascença, D. José Tolentino Mendonça sublinha ainda o “homem que não só falava da Palavra, mas que primeiro a contemplava e se deixava transformar por ela”.

“Esta palavra que chega aos corações e os ilumina, antes de tudo, deve ferir de amor aquele que a anuncia. É essa imagem que recordo de D. Anacleto. Sem dúvida, é um testemunho muito importante de bispo e de cristão que D. Anacleto de Oliveira deixa”, conclui.

Questionado se, como outro apaixonado pela Palavra de Deus, chegou a discutir com D. Anacleto Oliveira o projeto da nova tradução da Bíblia (que o bispo de Viana do Castelo coordenou), o cardeal recorda tempos em que ambos trabalharam” longamente nesse projeto”.

“Por um tempo, antes da minha vinda para Roma, trabalhámos longamente nesse projeto da comissão de revisão dos textos bíblicos e litúrgicos e posso testemunhar o empenho pessoal, incansável, laborioso que o D. Anacleto colocou neste projeto, em nome de toda a Conferência Episcopal, mas que, sem dúvida, ele assumiu com um entusiasmo e uma paixão que são muito reveladoras da centralidade da Palavra na sua vida”, destaca.

D. Anacleto Oliveira morreu na sexta-feira, na sequência de um despiste de automóvel ocorrido na Autoestrada 2 (A2), perto de Almodôvar.

O óbito foi declarado no local e o corpo encaminhado para o serviço de Medicina Legal do hospital de Beja.

Muitas têm sido as reações de pesar pelo falecimento do bispo de Viana do Castelo. O Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou-se “chocado e pesaroso”. O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, sublinha que “o que é bom nunca se perde”.

A Câmara Municipal de Viana do Castelo já decretou dois dias de luto. Aguardam-se informações sobre as cerimónias fúnebres.

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