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Hotéis algarvios lamentam reposição de quarentena com Reino Unido

10 set, 2020 - 19:36 • Lusa

Turismo Algarve já esperava decisão. “Temos vindo a trabalhar outros mercados como alternativa, mas o peso relativo do mercado britânico dificulta muito a capacidade de atenuar o impacto", diz responsável da associação.

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A retirada de Portugal do corredor aéreo com o Reino Unido é “uma profunda desilusão” e uma decisão “altamente lesiva” para a economia do Algarve e de Portugal, disse o presidente da principal associação hoteleira do Algarve.

O presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, comentou assim a decisão do Reino Unido de repor a obrigatoriedade de cumprir uma quarentena a quem chega a território britânico proveniente de Portugal e considerou que, para esta decisão ter acontecido, “alguém não está a fazer o seu trabalho”, numa referência aos "responsáveis pela governação".

“É uma profunda desilusão. Tratou-se de uma decisão de alguma forma esperada face ao aumento muito significativo do número de pessoas infetadas no resto do país, isto quer dizer que alguém não está a fazer bem o seu trabalho de casa e o Algarve está a apanhar por tabela face ao enorme aumento do número de infetados que se verifica no resto do país”, afirmou Elidérico Viegas à agência Lusa.

O presidente da AHETA considerou que “a região, que tem ficado praticamente à margem da pandemia desde o início de março”, agora é “penalizada, mais uma vez, pela situação que o país atravessa” com um aumento do número de pessoas afetadas pela pandemia de covid-19.

“Alguém não está a fazer bem o trabalho que lhe compete no sentido de diferenciar, à semelhança do que acontece com outros destinos, as regiões turísticas onde a pandemia tem tido um impacto muito baixo. Há destinos nossos concorrentes onde essa situação se tem verificado e, infelizmente, não está a ser feito no nosso país com o sucesso que seria necessário e desejável”, disse ainda o presidente da AHETA, dando o exemplo da Grécia.

Elidérico Viegas considerou que o Algarve poderia continuar no corredor aéreo, como aconteceu com a Madeira e os Açores, e isso não aconteceu porque “quem tem responsabilidades nestas áreas, designadamente ao nível dos mais altos responsáveis da Governação - que são quem, obviamente, em primeira análise, tem essa responsabilidade, não fez o seu trabalho”.

O dirigente associativo qualificou a decisão como “uma marcha-atrás muito preocupante”, recordou que Portugal só esteve “20 dias, não chegou a um mês, no corredor aéreo”, e que agora volta-se a “pôr em causa a recuperação e a retoma do golfe na estação baixa” e as “ocupações nos meses de setembro e outubro, os últimos meses da época turística”.

“Isto é altamente prejudicial e lesivo dos interesses empresariais, mas deve também ser entendido como muito lesivo para economia de toda região e, em última análise, para a economia do país”, afirmou.


Turismo do Algarve já esperava decisão britânica

Já o presidente do Turismo do Algarve disse que a decisão do Reino Unido de retirar Portugal do corredor aéreo que isenta os viajantes de quarentena à chegada ao seu território, “não é uma boa notícia, mas era esperada”.

“Era uma decisão que era esperada, na medida de que na última semana o indicador de novos casos [de Covid-19] por cem mil habitantes em Portugal superou o que tem sido o referencial do Reino Unido e que se agravou entre o período das duas revisões britânicas”, indicou à agência Lusa o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes.

Para João Fernandes, a decisão britânica é “uma contrariedade muito grande para a procura externa do Algarve, dado que setembro é o mês de maior procura dos britânicos e que dita o início da época alta do golfe”.

“Temos vindo a trabalhar outros mercados como alternativa, mas o peso relativo do mercado britânico dificulta muito a capacidade de atenuar o impacto e as reduções de procura como certamente veremos nos próximos tempos a partir do Reino Unido”, sublinhou.

O responsável máximo do Turismo do Algarve vê, no entanto, um sinal positivo que pode vir a reverter a posição do Reino Unido, “nomeadamente a redefinição dos critérios do conselho científico, que estão na base para a avaliação, como o número de testes como o fator mais determinante”.

“Há aqui um sinal de esperança se houver uma redefinição do conjunto de critérios, porque temos visto que destinos que testam menos têm tido bonomia de avaliações que nem sempre traduzem a realidade dos territórios, tendo existido já uma discriminação positiva para os destinos insulares”, indicou.

O Governo britânico anunciou esta quinta-feira a retirada de Portugal da lista de países seguros, com exceção das regiões da Madeira e Açores, e a partir de sábado obriga a cumprir uma quarentena de duas semanas ao chegar ao Reino Unido.

“Através de informação aperfeiçoada, agora temos a capacidade de avaliar ilhas separadas dos seus países continentais. Se chegar a Inglaterra vindo dos Açores ou Madeira, não precisará de se isolar por 14 dias”, escreveu o ministro dos Transportes, Grant Shapps, na rede social Twitter.

De acordo com o ministro, a medida, que também afeta a Hungria, Polinésia Francesa e ilha da Reunião, entra em vigor às 4h00 de sábado em Inglaterra.

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