04 set, 2020 - 22:22 • Lusa
Veja também:
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta sexta-feira que tinha a expectativa que Portugal registasse apenas 100 casos de Covid-19, ou menos, por dia, no início de setembro, mas considerou a situação "controlada e estável".
"A minha expectativa, em junho e julho, não o escondo, era que chegássemos agora [no início de setembro] com 100 casos ou menos por dia", referiu, à margem de uma visita à vila de Castro Marim, no âmbito do ciclo de deslocações a todos os concelhos do Algarve.
O chefe de Estado considerou que "a situação está controlada e estável, no bom sentido do termo, em matéria de internamentos e cuidados intensivos", mas que esperava "uma tendência decrescente, tendendo para diminuir progressivamente" no número global de casos.
"Infelizmente, não foi o que aconteceu. Nós estamos, em alguns dias da semana, com altos e baixos: aos fins de semana, [os números] são baixos - entre sábado e segunda -, e durante a semana são muito mais altos", acrescentou.
Coronavírus
Espanha adotou novas medidas de combate à propagaç(...)
Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que não está preocupado e ressalvou que o Governo "é que diz que está preocupado".
"Há várias declarações de membros do Governo que dizem que há qualquer coisa de preocupante ou que a situação é grave. Quando o Governo, com umas semanas de antecedência, admite passar a estado de contingência, não é porque está despreocupado, senão não anunciava o estado de contingência. Mais vale prevenir do que remediar. Só atua assim quem acha que pode haver o risco de, é só isso", sustentou.
O Presidente da República recordou que está marcado para segunda-feira, no Porto, o retorno das reuniões sobre a evolução da Covid-19, com a presença de todos os partidos políticos com assento parlamentar.
"Espero que essa sessão seja útil também para isso, para todos os partidos políticos perceberem por que é que o Governo, com antecipação, preventivamente, disse que tinha a intenção de, daí a umas semanas, vir a recorrer ao estado de contingência. Espero que essa sessão, além de esclarecer os portugueses na parte aberta, esclareça os partidos políticos com assento na Assembleia da República", sublinhou.
Número de hospitalizações voltou também a aumentar(...)
Questionado sobre a presença de público nos estádios, uma pretensão reclamada pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional nas últimas semanas, o chefe de Estado disse que está em causa "a definição de regras e o acompanhamento da evolução da situação" e que a gestão da pandemia passa por "um equilíbrio entre a defesa da vida e da saúde e o não matar a economia ou a sociedade".
"Isto é um equilíbrio entre dramatizar muito e desdramatizar totalmente. A dramatização total e a desdramatização total. É um equilíbrio. Nesse equilíbrio, entra a definição das regras sanitárias. Quando se define uma regra sanitária, atende-se ao risco que acarreta para a vida e para a saúde, mas também atende-se ao exemplo que se dá e como as pessoas leem isso. Pode a intenção ser muito boa e a leitura ser completamente diferente", assinalou.
Exemplificando com as regras diferentes entre a Feira do Livro, os espetáculos, as escolas e nos estabelecimentos, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que "a afinação é complicada" porque a opinião pública espera "regras iguais para todas as situações".
"Essa ponderação é uma ponderação que tem de ser feita pelos especialistas. Mas depois, e por isso é que ‘bati muito na tecla' do esclarecimento, é preciso explicar para as pessoas perceberem por que é que num caso é um metro, noutro são dois metros e noutro é oito metros. Se não há explicação, uma parte dos portugueses dramatiza e outra parte desdramatiza completamente", concluiu.
A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 869.718 mortos e infetou mais de 26,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.833 pessoas das 59.457 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.