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Suspensos sete polícias envolvidos na morte de Daniel Prude

04 set, 2020 - 09:53 • Redação com agências

Este afro-americano de 41 anos tinha problemas mentais. Os agentes enfiaram-lhe um capuz na cabeça e pressionaram a cara contra o chão durante dois minutos.

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Mais de cinco meses dos acontecimentos, sete polícias norte-americanos envolvidos na morte de Daniel Prude foram agora suspensos. A autópsia revelou morte por “asfixia consecutiva”.

A presidente da câmara de Rochester, local onde morreu Prude, começou por dizer, em conferência de imprensa, que o “racismo estrutural e institucional” levou a mais esta morte.

Prude morreu na nossa cidade. Morreu por causa das ações da nossa polícia”, afirmou a autarca Lovely Warre, acrescentando que o chefe da polícia, até ao início de agosto nunca a tinha informado do que tinha acontecido a 23 de março.

Segundo a mesma responsável, citada pela CNN, alguns dos agentes que foram suspensos aparecem nas imagens e os “outros tinham o dever de impedir o que estava a acontecer”. Foram suspensos, mas vão receber salário, apesar de a câmara ter sido contra.

A autarca disse ter sido “enganada” pelo chefe da polícia local que terá afirmado que Daniel Prude morreu na sequência de uma overdose de drogas. Lovely Warren lembra que a versão das autoridades é “totalmente diferente” da que viu no vídeo.

A autópsia feita concluiu que a morte de Prude foi um homicídio, relacionado com uma “asfixia consecutiva por constrangimento físico”.

O caso veio a público esta quarta-feira, depois da família da vítima divulgar os vídeos das câmaras dos uniformes dos polícias, que mostram a forma como morreu Daniel Prude.

Em 23 de março, a polícia de Rochester foi chamada a intervir depois de o irmão da vítima ter pedido ajuda, relatando na altura que Daniel estava perturbado psicologicamente.

Os vídeos – cujas imagens violentas a Renascença optou por não reproduzir – mostram Prude, sem roupa, a obedecer quando a polícia lhe ordenou para se sentar no chão e pôr as mãos atrás das costas para ser algemado. Estava a cooperar, até ao momento em que começou a contorcer-se e a gritar para os agentes, pedindo que o libertassem.

A certa altura, terá começado a cuspir em direção à polícia e é aí que os agentes lhe colocam uma espécie de capuz, usado para evitar que os detidos cuspam e mordam – chama-se 'spit hood', em inglês. Nova Iorque vivia então os primeiros dias da pandemia de Covid-19 e a utilização deste capuz começava a tornar-se frequente.

Prude começou, então, a debater-se e a implorar que deixassem. Foi nessa altura que um agente lhe atirou a cabeça contra o chão e outro agente aí a manteve, com força, enquanto um terceiro lhe colocava um joelho nas costas.

Passados dois minutos, Prude deixou de se mexer e falar. Da boca, começou a sair água da boca e foi nessa altura que os agentes demonstraram preocupação. Foi chamada uma ambulância e hospitalizado, entrou em coma e acabou por morrer sete dias depois.

O caso é conhecido cerca de quatro meses depois da morte de George Floyd, que instou a revolta contra o racismo e levou à criação do movimento mundial "Black Lives Matter".

Mas o último caso aconteceu em Kenosha, no estado do Wisconsin. Um vídeo mostrou o afro-americano Jacob Blake, de 29 anos, a ser alvejado sete vezes nas costas por um polícia caucasiano. Está no hospitalizado e não se sabe se voltará a andar.

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