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Comércio online

“Mistério” das sementes será tática comercial, mas perigosa

02 set, 2020 - 11:33 • Celso Paiva Sol , Marta Grosso

O alerta já foi lançado pelo Ministério da Agricultura. À Renascença, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária dá mais informações sobre as sementes que estão a chegar a casa de muitos portugueses.

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Será uma tática comercial o “mistério” das sementes que chegam por correio a casa, apesar de não terem sido solicitadas.

O esquema é relativamente recente. Os primeiros casos surgiram nos Estados Unidos, depois também na Europa – em países como a Bélgica e a Holanda – e agora de forma mais disseminada também a Portugal.

“Quem está a receber não fez nenhuma encomenda e recebe um pacote que geralmente tem uma embalagem que refere uma joia, um relógio, outra coisa. Ao abrirem, têm uns pacotinhos de sementes em pacotinhos pequeninos de plástico”, descreve à Renascença a subdiretora da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.

“Chegam sementes de várias espécies diferentes, desde sementes de 'jacinto-de-água', que é uma espécie invasora que nos preocupa bastante, até sementes de citrinos e vários tipos de sementes diferentes. As espécies são muito variáveis, não é uma única espécie vegetal”, acrescenta Paula Carvalho.

O risco está na possibilidade de estas sementes trazerem “uma praga, uma doença ou, simplesmente, sendo uma espécie exótica que ainda não se conhece no território – ou, se já se conhece, ter características invasoras – possa causar problemas ao nosso ambiente normal”.

As remessas são originárias de países asiáticos e os destinatários são habituais utilizadores de compras online.

Daí, o alerta já lançando pelo Ministério da Agricultura: quem receber uma encomenda postal não solicitada com sementes, não semeie nem deite para o lixo; deve reencaminhá-las para a tutela.

Uma tática comercial chamada “brushing”

Com base na informação que tem sido partilhada pelas autoridades europeias, em causa parece estar apenas um truque comercial. O “termo técnico é o 'brushing'”. A subdiretora da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária explica.

“As empresas de venda online têm uma cotação, há uma avaliação dos seus clientes relativamente à satisfação do cliente das suas vendas. Isto implica um sistema, uma plataforma eletrónica que gere essas votações”, contextualiza.

Através do “brushing”, “estas empresas de comércio eletrónico estão a tentar ludibriar esse sistema enviando elas próprias as encomendas sem serem solicitadas”.

Porquê sementes? “Porque é material leve e, em termos de custos de transporte é reduzido”.

“Ludibriam o sistema no sentido de conseguirem aumentar a sua cotação, a sua alta classificação da satisfação dos clientes”, finaliza Paula Carvalho, descartando, por enquanto, outras explicações para este esquema.

“Aquilo que nos parece será apenas uma questão comercial, de interesse dessas empresas terem boas classificações em termos de vendas online. Não nos parece de todo que haja aqui uma intenção de bioterrorismo”, afirma.

Ainda assim, “efetivamente, se não houver controlo, poderemos ter problemas complicados em termos de entrada de pragas e doenças e em termos de espécies invasivas que podem prejudicar o nosso ambiente”, reconhece nas declarações à Renascença.

É, pois, um esquema comercial, que se pode tornar bastante prejudicial para o ambiente e a saúde pública.

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  • Conceicao Santos
    02 set, 2020 12:54
    Num Pais onde grandes empresas mandam envelopes anonimos aos seus clientes, e/ou como contacto só têm numeros de valor acrescentado, e na maior impunidade, qualquer terrorista poda aproveitar a bandalheira para espalhar o caos,,,

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