25 ago, 2020 - 09:41 • Marta Grosso , Maria João Costa (entrevista)
A pandemia de Covid-19 agravou as necessidades de muitos portugueses, entre elas a dificuldade em comprar medicamentos. Nos últimos meses, aumentou o número de beneficiários do programa de emergência Abem, criado pela Associação Dignitude.
De 2019 para 2020, subiu 50% o número de pessoas auxiliadas pelo programa que, em parceria com as autarquias e instituições sociais, está agora a ajudar mais de 16 mil pessoas.
“Neste momento, já estamos a ajudar mais de 16 mil pessoas. Os últimos dados, referentes a julho, eram, para ser mais precisa, 16.072 pessoas”, indica à Renascença Maria de Belém Roseira, embaixadora da Dignitude.
São mais de 16 mil portugueses ajudados, que representam quase nove mil famílias.
“Se formos ver os dados internacionais, OCDE ou União Europeia, vemos que os portugueses são daqueles que mais dificuldades têm em aceder aos medicamentos e também são os portugueses aqueles que mais dinheiro do seu bolso têm de despender para aceder aos cuidados de saúde”, acrescenta a antiga ministra da Saúde.
O Abem já tem uma rede e está presente em todo o país, incluindo os arquipélagos da Madeira e dos Açores. Ao todo, são 18 distritos mais as regiões autónomas e 155 concelhos. Há ainda 902 farmácias que colaboram com o programa.
Os pedidos de ajuda chegam de todo o país, mas sobretudo dos habitantes dos grandes centros urbanos.
“Temos sempre o problema nos grandes centros, mas o que nos interessa é chegar às pessoas mais carenciadas”, refere Maria de Belém Roseira.
“Nos grandes centros, muitas vezes já há programas específicos, mas não há dúvida de que nos procuram muito a nós, porque este programa, como é nacional e já tem uma base de grandes números, acaba por ser um programa que permite uma mutualização maior dos riscos”, explica.
Desde que foi criado, em 2016, este programa de ajuda à compra de fármacos já dispensou mais de 639 mil medicamentos.
Por causa da pandemia do novo coronavírus, foi criado um fundo de emergência. Tal como aconteceu nos incêndios de Pedrógrão Grande, foi criado um fundo especial, porque há pessoas que antes não necessitavam de ajuda, mas agora precisam.
“Por causa da pandemia, neste momento o Abem foi para todo o país. Permitimos que fossem identificados beneficiários que, em circunstâncias normais, não preenchiam os critérios regulares de inclusão no programa, que é feito com base na avaliação dos rendimentos do ano transato”, explica à Renascença a embaixadora da Dignitude.
“Houve uma quebra abrupta e as pessoas não têm poupanças, porque já ganham muito muito muito pouco. De repente viram-se, como se costuma dizer, sem chão e precisaram deste apoio”, acrescenta.