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Évora festeja centenário de Rohmer, pioneiro da “Nouvelle Vague”

21 ago, 2020 - 11:18 • Rosário Silva

Os meses de setembro e outubro são dedicados à “sétima arte” no auditório Soror Mariana, na cidade de Évora. Nove filmes constituem o ciclo de cinema “La vie c'était l'écran”, que homenageia o realizador francês Éric Rohmer.

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O ciclo de cinema “La vie c'était l'écran” vai homenagear, em Évora, o realizador francês Éric Rohmer, neste ano em que se comemora o centenário do seu nascimento.

Entre setembro e outubro, a programação inclui a exibição de nove filmes que “compõem um complexo atlas rohmeriano”, sinalizando “os temas, as ideias e as formas que Rohmer viria a cristalizar na sua vasta filmografia”, ou seja, “o recurso a uma extrema economia de meios, a importância dos reencontros amorosos, da sedução, da escrita e dos diálogos”, explica a organização.

O espaço escolhido para a apresentação deste ciclo é o Auditório Soror Mariana, da Universidade de Évora que, desde 2014, recebe cinema de autor às quintas-feiras, numa iniciativa do grupo Cinema-fora-dos Leões (C-f-L), que tem projetado a cidade como importante polo de reflexão cinematográfica no país.

É na continuidade deste trabalho que surge o ciclo de cinema “La vie c'était l'écran”, com o grupo C-f-L e a associação cultural “Oniros”, a assumirem a sua organização.”

Nos próximos dois meses, no âmbito deste ciclo dedicado a Rohmer, vão ser exibidos “filmes de cineastas que foram referências incontornáveis (Renoir, Rossellini e Rouch)”, um filme “que defendeu arduamente contra os seus colegas redatores dos Cahiers (Veneno e Eternidade)”, e outros “sobre os quais escreveu extensamente”, revelam os promotores, destacando, no encerramento, a exibição da “sua obra-prima, “A Inglesa e o Duque”, com apresentação de Pierre Léon e de Philippe Fauvel.”

Rohmer, o pioneiro da “Nouvelle Vague” em França

Sobre Éric Rohmer (1920-2010), em declarações à Renascença, Luís Ferro, presidente da “Oniros”, recorda que “foi um dos fundadores e uma das mais célebres figuras da “Nouvelle Vague” francesa”, com uma obra que se caracteriza “pela extraordinária elegância entre a palavra e a imagem, assim como pela extrema depuração formal.”

Segundo este responsável, “tal como os restantes membros fundadores da “Nouvelle Vague”, Éric Rohmer começou o seu percurso como programador no Ciné-Clube du Quartier Latin e como crítico de cinema nos Cahiers du Cinéma, que veio a dirigir entre os anos 1957 e 1963.”

“O seu trabalho escrito”, observa o presidente da “Oniros”, “caracteriza-se sobretudo pela consistência de temas e autores a que se dedicou”, e entre os seus contemporâneos, “discutiu quase exclusivamente Renoir, Rossellini, Hitchcock, Hawks e Lang e, entre os cineastas que o antecederam, Murnau.”

Para Luís Ferro, “rever sob uma nova perspetiva o pensamento de Rohmer, implica refletir sobre a “Nouvelle Vague” francesa, através de um dos seus membros fundadores.”

O ciclo de cinema “La vie c'était l'écran” conta ainda com o apoio do Institut Français du Portugal, da embaixada de França em Lisboa, da Direção Regional de Cultura do Alentejo e da Universidade de Évora.

Em março deste ano, a Leopardo Filmes anunciou a aquisição de “20 filmes restaurados do realizador francês” para exibir em sala, neste ano do centenário do seu nascimento, e editar em DVD. A distribuidora considera que a obra de Éric Rohmer “varia entre o clássico e o moderno, a literatura e o cinema, e explora as contradições entre a moral e o desejo.”

O que vai poder ver

O ciclo abre a 3 de setembro com o filme “A comédia e a vida” (Le carrosse d’or, 1952), de Jean Renoir, seguindo-se, no dia 10, a película “Stromboli” (Stromboli, terra di dio, 1950), de Roberto Rossellini. Em setembro, ainda pode ver, a 17, “A pirâmide humana” (La pyramide humaine, 1961), de Jean Rouch, e no dia 24, “Veneno e eternidade” (Traité de bave et d’éternité, 1951), de Isidore Isou.

“Piquenique” (Picnic, 1955), de Joshua Logan (dia 01), “Olho por olho” (Oeil pour oeil, 1957), de André Cayatte (dia 08), “Um americano tranquilo” (The quiet american, 1958), de Joseph L. Mankiewicz (dia 15), e “Sombras de um adultério” (La proie pour l’ombre, 1961), de Alexandre Astruc (dia 22), são os filmes programados para o mês de outubro.

O ciclo “La vie c'était l'écran”, que celebra o centenário do nascimento de Éric Rohmer, encerra a 29 de outubro com a exibição “da sua obra-prima”: “A inglesa e o duque (L’anglaise et le duc, 2001).

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