Tempo
|

Vacinação da Covid-19. O que já sabemos: a obrigatoriedade e as prioridades

21 ago, 2020 - 17:01 • João Carlos Malta

Todos os dados e pormenores já conhecidos sobre o processo de vacinação da Covid-19 que os mais otimistas acreditam que possa começar até ao fim do ano em Portugal.

A+ / A-

Veja também:


Depois de a União Europeia decidir avançar para a compra conjunta de vacinas para a Covid-19 e de sabermos qual o lote que cabe a Portugal, esta sexta-feira, ficámos a saber um pouco mais sobre como será o processo de vacinação que irá decorrer.

O presidente do Infarmed, Rui Ivo, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, e o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, revelaram vários pormenores sobre como vai acontecer o processo, que promete ser moroso e complexo.

A possibilidade de obrigatoriedade e os grupos prioritários foram alguns dos dados avançados.

Quantas doses vão existir numa primeira fase para Portugal?

A Comissão Europeia anunciou um acordo prévio de aquisição com a farmacêutica alemã CureVac para assegurar 225 milhões de doses de uma potencial vacina para a Covid-19, que serão distribuídas pelos Estados-membros da União Europeia. Dessas 6,9 milhões serão para Portugal, ao abrigo das regras de proporcionalidade instituídas.

Quando chegam?

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, mantém-se otimista. Na conferência de imprensa desta sexta-feira, tal como o primeiro-ministro, António Costa, fez há dois dias, apontou para o final deste ano.

Estarão disponíveis todas ao mesmo tempo?

Para essa altura, ou seja, até ao final do ano, Lacerda Sales avançou um número: 690 mil doses.

Quais serão os grupos prioritários para uma futura vacina?

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, revelou dois grupos que inequivocamente estarão no topo da lista: os mais vulneráveis e os cuidadores na área da saúde e setor social são as duas prioridades numa futura campanha de vacinação contra a Covid-19.

A lista de prioridades será mais longa do que apenas os dois anunciados por Graça Freitas, quem são as pessoas ou instituições que as vão definir em Portugal?

Tal como aconteceu na pandemia da Gripe A, especialistas em vacinação, doenças infecciosas, em farmácia e virologia vão definir os grupos prioritários para a vacinação.

Mas o grupo em que nos inserimos é um critério único na prioridade à vacina?

Não. Há um binómio que será tido em atenção: o grupo de risco a que cada pessoa pertence e as caraterísticas das vacinas que estarão disponíveis.

Graça Freitas explicou que há que ler o "bilhete de identidade da vacina" e saber a que grupos específicos é que essa vacina se destina, grupos etários nomeadamente, grupos de risco por patologia, por exemplo, se há ou não eficácias distintas em função dos grupos etários.

E dentro dos grupos de risco terão todos a mesma prioridade?

Também não. Graça Freitas explicou que haverá uma priorização nos doentes crónicos. A diretora-geral da Saúde anunciou que há informação disponível sobre quais as doenças que têm uma probabilidade maior de influenciar um prognóstico pior da Covid-19.

“Há pessoas que têm determinadas doenças podem ter uma Covid-19 mais grave do que outras, o que não sabemos é que vacina vai ter maior perfil para determinada doença”, diz.

“Sabemos quais são os grupos teoricamente prioritários, mas temos de esperar pelas características da vacina em relação a cada grupo etário e cada grupo de doença para podermos estratificar as prioridades da vacinação”, acrescenta.

A futura vacina será ministrada em uma ou duas doses?

Ainda não há resposta para a pergunta, porque ainda não conhecemos quais as vacinas que chegarão efetivamente ao mercado. Agora, a experiência, segundo Graça Freiras, mostra que para as doenças em que nunca fomos vacinados o mais comum é haver uma dose de reforço, 28 dias depois da primeira dose.

Ainda assim, abre a porta para que haja uma vacina que pelas características que trará do laboratório possa ter só uma toma.


Quantas vacinas estão em produção e quantas tem a Europa pré-compradas?

Há 165 vacinas que estão em desenvolvimento, sendo que 26 estão em fase clínica (fase 1, 2 ou 3).

Mas só que estão na fase 3 é que estão a ser alvo de maior interesse a nível europeu. E, neste momento, são as vacinas de quatro laboratórios a estar na linha da frente.

A quantidade de vacinas que teremos disponíveis é o mais importante, ou há outros fatores importantes?

O número é muito importante, mas a diversidade de vacinas, isto é, aquelas que serão mais adaptadas para cada um dos grupos da população é também fundamental. Isto porque não existe uma vacina universal, mas vários tipos.

“É importante que haja um conjunto de vacinas negociadas e disponíveis não só em termos de quantidade e do momento em que possa vir a estar disponível, mas também sabendo quais são as características de cada uma”, diz o presidente do Infarmed, Rui Ivo, uma vez que cada vacina pode ter uma orientação mais particular para determinadas categorias.

“Queremos dispor de quantidades provenientes de vários processos negociais”, acrescentou.

Quem vai validar a entrada das vacinas no mercado?

As vacinas terão de ser testadas e quem o faz é a Agência Europeia do Medicamento, em conjunto com os vários países. O Infarmed participa nesse processo. A ideia é a de dispor de dados de segurança e da eficácia das vacinas.

Temos de ter o mínimo de informação que nos permita avançar para a utilização”, assegura Rui Ivo.

A vacina será obrigatória em Portugal?

Em relação à vacina ser obrigatória ou não, Graça Freitas disse que essa decisão não está fechada. A legislação portuguesa permite que em situação de epidemia e em defesa da saúde pública uma vacina possa ser obrigatória, mas creio que esta decisão terá de depender de uma análise profunda da sociedade – não só do setor da saúde -, mas das características da vacina.

Se a vacina for muitíssimo eficaz e o valor acrescentado para a saúde pública for muito grande, pode ser considerada uma metodologia de obrigatoriedade de vacinação. Se for uma vacina com grau de eficácia menor, pode ser ponderada outra opção.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • JJ
    23 ago, 2020 A 10:06
    O MELHOR PARA A SRA. GRAÇA FREITAS: https://peticaopublica.com/psign.aspx?pi=PT98159
  • Ivo Pestana
    22 ago, 2020 Funchal 14:29
    Todos somos humanos, logo todos estamos em risco. Agora, não esquecer os antiVacinas, os medrosos e os cépticos. Logo, acho que vão sobrar vacinas. Eu estou em reflexão.
  • VITOR
    21 ago, 2020 PORTUGAL 19:24
    A pior diretora geral e secretário da "doença" que alguma vez Portugal teve.... VAMOS TODOS PEDIR A DEMISSÃO DESTAS IMCMPETÊNCIAS!! O Sr. Lacerda foi tão engraçado naquele dia em que não se registaram casos mortais!! Ai que emoção que ele teve de pulga atrás da orelha! Neste país a politica é só roubo e hipocrisia!

Destaques V+