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Covid-19. ECDC alerta para desafios da testagem massiva

20 ago, 2020 - 19:44 • Joana Gonçalves

"A estratégia de testagem tem de ser ponderada, pensada e não pode ser indiscriminada", sob pena de serem identificados falsos positivo ou resultados "que não têm efetivamente nenhum significado do ponto de vista do controlo da doença", defende Ricardo Mexia.

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“Testar, testar e testar” foi o slogan adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em março, mês em que a Covid-19 foi declarada pandemia. Quase um ano e meio depois, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) reforça a importância da testagem, sobretudo entre grupos de risco, mas alerta para os desafios de uma estratégia de testes massiva.

“Antes de iniciar o período de desconfinamento, com redução de medidas de distanciamento social, os países devem assegurar um aumento da capacidade de testagem e cobertura, juntamente com o reforço do rastreio dos contactos”, lê-se no relatório divulgado, esta quarta-feira, pelo ECDC.

O mesmo documento adianta, no entanto, que antes de se avançar para uma estratégia de testes em massa a pessoas assintomáticas, é importante avaliar a relação entre o decréscimo da transmissão resultante de casos identificados por testes aleatórios e a proporção do custo e esforço acrescido pela implementação de um reforço de testagem.

Para compreender este balanço, o centro europeu dá um exemplo - “o número total de pessoas com falsos resultados positivos, que terão de ficar em isolamento e reduzir os contactos desnecessariamente vai aumentar”, com o aumento da testagem.

“A estratégia de testagem tem de ser ponderada, pensada e não pode ser indiscriminada. Tem que haver critérios para as pessoas realizarem testes, sob pena de numa população geral nós podemos estar a identificar pessoas cujo diagnóstico pode ser um falso positivo ou não tem efetivamente nenhum significado do ponto de vista do controlo da doença”, explica Ricardo Mexia.

Em entrevista à Renascença, o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública defende que “do ponto de vista genérico, fazer indiscriminadamente testes um pouco por todo o lado, é uma estratégia que tende a não ser muito útil, a não obter resultados quer clínicos, quer epidemiológicos”.

Para o especialista, deve de ser tida em conta a questão do custo benefício. “Ou nós conseguimos, de facto, reduzir muito o custo da testagem e encontramos soluções que sejam mais rápidas, mais baratas, e que portanto podem ser mais massificadas, ou então temos que ser parcimoniosos na utilização de um recurso que infelizmente ainda é bastante escasso”, acrescenta.

No mesmo relatório, o ECDC, à semelhança do que foi esta semana anunciado pela Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, defende que para evitar o descontrolo da pandemia no próximo Outono, as autoridades de saúde devem apostar, também, no rastreio de contactos dos doentes com Covid-19, como medida complementar.

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