17 ago, 2020 - 08:56 • Maria João Costa com redação
Numa altura em que nos Estados Unidos já morreram quase 170 mil pessoas e onde nas últimas 24 horas registaram-se 528 mortes e mais de 43 mil novos casos de Covid-19, a Convenção Democrata também é marcada pela pandemia.
Esta é a primeira convenção a decorrer apenas através da televisão e internet. Não haverá os habituais confettis e balões com as cores dos Estados Unidos da América num pavilhão com milhares de apoiantes a gritarem o nome do futuro candidato à Casa Branca.
Os trabalhos vão assim decorrer de forma virtual, em Milwaukee, no Estado do Wisconsin. Mas há coisas que se mantêm como é tradicional, os trabalhos vão terminar na quinta-feira com o discurso de aceitação do democrata que irá defrontar o candidato republicano Donald Trump.
Nesse discurso, Joe Biden responde a três perguntas clássicas: Porque é que concorre à presidência? Se for eleito, quais serão as prioridades? E se a minha agenda for implementada, em que é que o país vai ser melhor?
No programa dos discursos desta segunda-feira marcará presença a ex-primeira-dama, Michelle Obama, mas surgirão também o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, uma das cidades norte-americanas mais afetadas pela pandemia.
Outro dos discursos do dia será o de Bernie Sanders - o senador de Vermont que chegou a ser o único concorrente de Joe Biden no partido democrata, na corrida à Casa Branca. Mas Biden contará também com outro apoio, o de John Kasich - que chegou a ser adversário de Trump no Partido Republicano e que agora mudou de campo, e vai apelar ao voto em Joe Biden.
Até quinta-feira, participam também o ex-presidente Bill Clinton, a mulher e ex-candidata presidencial Hillary Clinton.
É diferente. Na política norte-americana as convenções, além de representarem o arranque final do ciclo eleitoral presidencial, que culmina com a eleição a 3 de novembro, têm três funções principais.
Primeiro, são a ocasião de aceitação formal dos candidatos a presidente e vice-presidente. É depois disto que começa a intensa campanha para galvanizar o eleitorado em torno de cada agenda política.
Segundo, possibilitam a interação sociopolítica entre milhares de delegados e eleitos dos cinquenta estados. Só delegados são 4.750 na convenção democrata.
Em terceiro lugar, é também da convenção que sai um conjunto de princípios e objetivos para os quatro anos de mandato presidencial.
A equipa de Biden lançou as bases para uma campanha unificadora durante outono. Para isso muito contribui a estratégia de tratar de forma amistosa Bernie Sanders e Elizabeth Warren, e a criação de grupos de trabalho para ajudar à criação de uma base ampla de apoio e à elaboração de uma plataforma que acomode as preocupações dos progressistas sem ultrapassar linhas vermelhas.
O desafio na convenção é aproveitar essa conquista, dar à ala mais à esquerda a sua quota de discursos e destacar como Biden trouxe progressistas como Alexandria Ocasio-Cortez para a campanha, ao mesmo tempo em que exalta uma mensagem de um programa de reformas ambiciosas, mas viáveis.
Olhando para a média nacional, dados da RealClear Politics indicam que Biden lidera com 49,2% das intenções de voto. Poderá assim derrotar Trump que tem 41,8 por cento nas sondagens.
No índice de popularidade, Biden também vai à frente, assim como nos seis estados mais disputados.
Tudo dependerá agora da campanha, e certamente também do evoluir da pandemia nos Estados Unidos. Estima-se que na altura das eleições o número de vítimas do novo coronavírus possa ascender a 250 mil mortos.
Kamala Harris tem 55 anos, é advogada de formação e é senadora pelo Estado da Califórnia. Antes foi a primeira mulher procuradora-geral da Califórnia e também a primeira senadora de origem indiana e afro-americana.
Ela é filha de uma indiana e de um jamaicano, e tem mantido uma postura bastante crítica quanto á presidência de Donald Trump. Foi agora escolhida pelo ex-vice-Presidente de Barack Obama, como o seu braço direito nesta corria contra a reeleição de Donald Trump.
Este é um tema que paira sobre a convenção democrata e as eleições de outono - a idade de Joe Biden. Terá 78 anos no dia da posse, e caso seja eleito será o homem mais velho a ocupar um cargo - mais velho ainda do que Ronald Reagan no dia em que deixou o cargo.
Liderados pelo presidente Trump, os republicanos têm trabalhado consistentemente para questionar a resistência e acuidade mental de Biden, e alguns eleitores inclinados a apoiar Biden estão preocupados com a questão.
Joe Biden e Kamala Harris defrontarão Donald Trump(...)
Com um discurso de aceitação enérgico, coerente e nítido, o indicado democrata pode começar a responder a essas dúvidas. Mas, como foi o caso de Ronald Reagan, apenas um desempenho eficaz nos debates presidenciais - especialmente o primeiro deste ano - pode arrumar a questão.
O presidente norte-americano em exercício, Donald Trump, não vai ficar de braços cruzados. E para isso preparou uma estratégia a para desviar as atenções da convenção do Partido Democrata pela atenção de milhões de espectadores.
O “New York Times” noticiou que a campanha de reeleição do presidente norte-americano vai gastar dez milhões de dólares numa compra de anúncios sem precedentes.
Até quinta-feira, quando termina a convenção, o cabeçalho do YouTube vai ser ocupado por mensagens de apoio ao Presidente norte-americano e anúncios semelhantes vão cobrir a totalidade das páginas de entrada dos jornais Wall Street Journal e Washington Post e do canal Fox News.
Sim, os Republicanos vão realizar a sua convenção na próxima semana entre os dias 24 e 27 em Jacksonville, no Estado da Florida, onde Trump e o seu vice-presidente, Mike Pence, serão formalmente designados como candidatos à reeleição.
EUA
“Biden é incapaz de alinhar duas frases seguida. N(...)