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Reportagem

Centros de dia podem reabrir já no sábado, mas com garantias de segurança

14 ago, 2020 - 08:54 • Olímpia Mairos

Em Chaves, na Santa Casa da Misericórdia essas condições não se verificam e o equipamento vai continuar fechado. Os utentes lamentam, mas dizem compreender, porque em causa está a “saúde de todos”. A instituição assegura apoio domiciliário aos cerca de 32 utentes.

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A Santa Casa da Misericórdia de Chaves não vai reabrir o centro de dia, no centro histórico da cidade. O equipamento funciona no mesmo edifício do lar de terceira idade e não reúne as condições de segurança exigidas pela DGS.

“Não vai abrir porque não garantimos as condições para que ele possa abrir. Falta espaço. Ou reservamos o espaço para centro de dia ou para os utentes da ERPI (Estrutura Residencial para Idosos), que funciona naquele mesmo espaço, e damos prioridade aos utentes da ERPI, explica à Renascença o vice-provedor da instituição, Anselmo Martins.

O responsável lembra que os utentes das duas respostas sociais “não podem coabitar, porque os do centro de dia saem para a rua”. E “como saem, cada vez que reentrassem, teriam que ficar em quarentena. Não é compatível. E não podemos misturar elementos que vêm de fora com elementos que estão dentro”, reforça.

Os cerca de 32 utentes continuam a ser apoiados através do Serviço de Apoio Domiciliário (S.A.D.) em que é fornecida a alimentação e o cuidado com a roupa.

“Exige um esforço acrescido. É importante que as pessoas se apercebam que a santa casa da misericórdia funciona como uma empresa, tem despesas e, muitas vezes, as receitas não cobrem as despesas”, afirma o vice-provedor, completando que, mesmo assim, “fazem tudo para prestar esse serviço social. E continuaremos a prestá-lo”.

“Enquanto a pandemia durar, nós não temos condições de assegurar o serviço de centro de dia. Mas manteremos o serviço que estamos a prestar, ou seja, alimentação e o cuidado com a roupa”, assegura o vice-provedor, Anselmo Martins.

Saudades das cantigas, dos amigos e do convívio

Há mais de quatro meses em casa, Maria José Lopes, de 60 anos, manifesta grande alegria quando vê chegar as duas funcionárias da Misericórdia de Chaves. Trazem a refeição e com ela dois dedos de conversa, para ajudar a atenuar a saudade e esbater o isolamento.

“É o que me vale, esta comidinha quente, porque eu não tenho condições para a fazer, porque sou doente”, conta à Renascença.

Maria José sabe que tão cedo não poderá regressar ao centro de dia, onde tem “muitos amigos” e espaço para “cantar e dançar” e “passar bem o tempo”. E faz-lhe falta, “muita falta”, “o convívio e a distração”.

As saudades, confessa, “já são muitas, mas há que as aguentar por causa deste coronavírus, que não escolhe idades, e pela saúde de todos”.

“É uma tristeza, uma desgraça, estarmos afastados e não podermos conviver”, desabafa.

Também Fernando Ferro, de 67 anos, está ansioso pela reabertura do centro de dia. E não é de estranhar. Era ali que se encontrava com os amigos e “diariamente ocupava o tempo com atividades mentais e físicas e cantarolava com os outros aquelas cantigas antigas”.

“Desejo muito que aquilo abra brevemente, já estou cansado deste isolamento e tenho muitas saudades dos amigos e do convívio”, revela, não deixando de elogiar o apoio que tem recebido da Santa Casa da Misericórdia que, além de lhe “assegurar a refeição, também trata da roupa”.

Luís Pinheiro, de 55 anos, também tem saudades da “convivência” e admite que o facto de “estar mais fechado aumenta o medo e o receio da doença”. “Era tudo uma alegria e agora é uma grande tristeza”, expressa, cruzando os braços em atitude de resignação.

O tempo em casa é ocupado a “ler e a fazer umas bricolages, mas custa muito a passar”. Por isso, quando chegam as funcionárias da Misericórdia de Chaves, com a refeição, “é uma grande alegria e uma oportunidade para conversar um bocadinho”.

“Elas são muito simpáticas, muito prestáveis. E trazerem a refeição é uma ajuda muito boa. Por isso é que acho que estas instituições têm que ser muito apoiadas, porque são elas que ajudam os que mais precisam”, conta à Renascença.

Apesar de sentir a falta do convívio, Luís Pinheiro diz compreender que “é necessário aguentar mais algum tempo em casa, porque isto está muito complicado e as pessoas têm que ter os cuidados necessários e as instituições têm que cumprir as regras e as normas”.

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