11 ago, 2020 - 12:03 • Reuters e EPA
Foram recolhidas centenas de toneladas de petróleo com mangas feitas com folhas de cana-de-açúcar, garrafas de plástico e cabelos que as pessoas voluntariamente cortam e fazem flutuar no mar.
"O cabelo absorve óleo, mas não água", disse Romina Tello à Reuters, residente nas Maurícias e fundadora da Mauritius Conscious, uma agência de ecoturismo. "Tem havido uma grande campanha em torno da ilha para conseguir cabelo".
Centros de mergulho e pescadores juntam-se ao esforço de limpeza e os salões de beleza oferecem descontos para aqueles que doam cabelo.
Ambientalistas alertaram que estão a ser encontrados peixes mortos, bem como aves marinhas, apesar da enorme operação de limpeza local.
O primeiro-ministro, Pravind Jugnauth, garantiu que o derrame do tanque danificado parou, mas que ainda havia 2.000 toneladas de crude noutros dois tanques intactos.
"A equipa de resgate observou várias fracturas no casco do navio, o que significa que enfrentamos uma situação muito séria", disse Jugnauth em um discurso transmitido pela televisão.
Defensores da vida selvagem e voluntários já transportaram dezenas de tartarugas bebé e plantas raras de uma ilha perto do derrame para a ilha Maurícia, a maior do país.
"Isto já não é uma ameaça para o nosso ambiente, é um desastre ecológico completo que afetou uma das partes mais importantes das ilhas Maurícias, a Lagoa de Mahebourg", disse Sunil Dowarkasing, um consultor ambiental e antigo membro do parlamento.
"O povo das Maurícias, milhares e milhares, têm estado a tentar evitar tantos danos quanto possível", disse Dowarkasing.
"Estamos a trabalhar a todo o vapor. É um grande desafio, porque o petróleo não está apenas a flutuar na lagoa, está já a espalhar-se para a margem", disse Dowarkasing, adiantando que os ventos constantes e as ondas espalharam o combustível pelo lado oriental da ilha.
"Nunca vimos nada assim nas Maurícias" acrescentou.
A lagoa é uma área protegida, criada há vários anos para preservar uma zona da ilha Maurícia como há 200 anos.
"Os recifes de coral tinham começado a regenerar-se e a lagoa estava a recuperar os seus jardins de coral", disse Dowarkasing.
"Agora tudo isto pode ser novamente morto pelo derrame de petróleo", acrescentou.
Residentes e ambientalistas questionam por que razão as autoridades não agiram mais rapidamente após o navio, o MV Wakashio, encalhar num recife de coral a 25 de julho.
"Essa é a grande questão", disse Jean Hugues Gardenne da Fundação Mauritian Wildlife Foundation.