07 ago, 2020 - 13:31 • Lusa
"As próximas 48 horas continuam a inspirar cuidado, inspiram atenção, vamos manter alguns distritos em alerta vermelho e também outros em alerta laranja. Fruto disso, a decisão foi de prolongar a declaração de situação de alerta a todo território nacional [continental] até ao final do dia de domingo", afirmou a secretária de Estado da Administração Interna.
Patrícia Gaspar falava no final de uma reunião do Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON), que decorreu na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, Oeiras, distrito de Lisboa.
De acordo com o comandante operacional nacional de Emergência e Proteção Civil, Duarte Costa, estarão em estado especial de alerta vermelho, o mais grave da escala utilizada pela Proteção Civil, os distritos de Vila Real e de Bragança.
Passam a estado de alerta laranja (o segundo nível mais grave) os distritos de Viseu, Guarda e Castelo Branco, e os restantes distritos do continente estarão em estado de alerta especial amarelo (terceiro nível).
Patrícia Gaspar salientou que este mês de julho tem sido o mais quente desde 1931, com índices de severidade meteorológica bastante elevados e que motivaram parte dos alertas das últimas das últimas semanas.
"No quadro destes alertas destacava também que temos já a registar mais de 1.700 ocorrências, sendo que grande parte delas se concentra nos distritos do Norte e, portanto, isto é uma situação absolutamente preocupante que temos de tentar inverter", salientou.
Quinta-feira foi, segundo a governante, "um dos dias mais difíceis deste ano, com cerca de 140 fogos", dos quais se destacaram "cinco incêndios complexos", hoje debelados, que no total envolveram mais de seis mil operacionais e cerca de 140 missões com meios aéreos".
De acordo com Duarte Costa, até hoje há a lamentar as mortes - ligadas a uma ocorrência - de quatro bombeiros, "em situações completamente diferentes", e cerca de duas dezenas de operacionais com ferimentos, desde necessidade de assistência até feridos com alguma gravidade.
O que está em estado mais grave nesta altura é um bombeiro voluntário de Cuba, no Alentejo, que no entanto tem evoluído muito satisfatoriamente e estará livre de perigo, destacou.
"Não há um padrão efetivo relativamente àquilo que se tem passado", disse, salientando, contudo, que as operações são complicadas, levando a um stress elevado dos operacionais, "que tentam fazer cada vez mais e mais depressa".
"Apelo a todos os operacionais que estão no âmbito do sistema de proteção civil, a todos os agentes de proteção civil, para que na utilização daquilo que são os seus meios de transporte façam as suas deslocações para o teatro de operações com calma e respeitando os limites de segurança", destacou.
Na quarta-feira, o Governo anunciou que Portugal continental entraria em situação de alerta a partir das 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de sexta-feira, face à previsão de "um significativo agravamento do risco de incêndio rural".
Em comunicado, o Ministério da Administração Interna (MAI) justificava a decisão com as previsões meteorológicas de um significativo agravamento do risco de incêndio rural.
Em situação de alerta é proibida a realização de queimadas e o uso de fogo de artifício ou de outros artefactos pirotécnicos, e são proibidos o acesso, a circulação e a permanência em espaços florestais "previamente definidos nos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios".
Também não são permitidos trabalhos florestais e rurais com equipamentos elétricos em espaços, como motorroçadoras, corta-matos, destroçadores e máquinas com lâminas ou pá frontal.
São permitidas, no entanto, alimentação de animais, execução de podas, regas, extração de cortiça e mel e colheitas de culturas agrícolas, desde que "sejam de caráter essencial e inadiável", em zonas de regadio, sem materiais inflamáveis e fora de floresta e mata. São permitidos ainda trabalhos de construção civil, "desde que inadiáveis e que sejam adotadas as adequadas medidas de mitigação de risco de incêndio rural".