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D. Duarte Pio defende Juan Carlos. "Seria muito bom" para o turismo Rei emérito exilar-se em Portugal

04 ago, 2020 - 17:06 • Pedro Mesquita com redação

Em entrevista à Renascença, o chefe da Casa de Bragança recusa que Juan Carlos, saindo de Espanha, pretenda fugir à Justiça. “Provavelmente será mais tranquilo e mais prudente poder defender-se de fora.”

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Na semana passada, Juan Carlos I, Rei emérito de Espanha, escreveu uma carta ao filho Filipe VI a comunicar a saída do país, sobretudo devido à repercussão pública dos mais recentes escândalos de corrupção que o envolvem. O Rei Felipe VI, que segundo o "El Mundo" foi o verdadeiro motor do exílio do pai, respondeu num comunicado em que sublinhou a importância dos 39 anos de reinado de Juan Carlos, o seu legado e obra política e institucional de serviço a Espanha e à democracia.

A verdade é que a relação entre pai e filho já não era a melhor há algum tempo. As suspeitas de irregularidades financeiras que recaem sobre o Rei emérito levaram mesmo Felipe VI a renunciar em março à sua herança. Há quatro meses, o Rei de Espanha também já tinha retirado a Juan Carlos a pensão de quase 200 mil euros anuais que recebia, paga com fundos públicos.

Ouvido pela Renascença, D. Duarte Pio, chefe da Casa de Bragança, elogia a tomada de posição de Juan Carlos, que foi “sábia” e deixa de ser um “incómodo” para o Palácio da Zarzuela.

Sobre a inocência do Rei emérito, Duarte Pio não tem dúvidas: Juan Carlos foi, ele mesmo, o enganado. E explica: “Entregou a administração da fundação a um administrador e, provavelmente, não deve ter acompanhado de perto o que é que se passava em matéria de transferências de dinheiro para a fundação”.

Qual é a sua opinião sobre o exílio de Juan Carlos?
É obviamente uma situação difícil e certamente muito dolorosa para o Rei emérito. Mas eu acho que [o exílio] é a decisão mais sábia para evitar que o Rei Felipe estivesse a ser mais incomodado com este assunto [suspeitas mais recentes de corrupção]. A minha opinião é que Juan Carlos entregou a administração da fundação a um administrador e, provavelmente, não deve ter acompanhado de perto o que é que se passava em matéria de transferências de dinheiro para a fundação. Por isso, deve ter achado que por ser uma fundação estrangeira não teria de declarar às finanças em Espanha o donativo que recebeu. Claro que, obviamente, não foi prudente. Mas estou convencido de que não terá havido uma intenção de defraudar as finanças espanholas. Não acredito que fizesse uma coisa dessas.

Acredita, portanto, na inocência de Juan Carlos?
Acredito na inocência e talvez na imprudência, no sentido em que ele confiou num administrador. E pronto…

Recordo também que o filho, Felipe, retirou as pensões a que Juan Carlos teria direito.
Isso foi um gesto prudente. Felipe não quis comprometer a instituição real com os assuntos da fundação do pai.

Partindo do pressuposto de que Juan Carlos é inocente, não pareceria mais claro que ele permanecesse em Espanha e, se fosse necessário, enfrentasse a Justiça? Precisamente para provar de imediato, e sem sair do país, a sua inocência. Isto não soa um pouco a abandonar Espanha apenas para não prejudicar a imagem do filho, mas sem, ao mesmo tempo, clarificar toda a situação?
O problema é que a Justiça não toma em consideração os atos que alguém fez, mesmo que seja inocente nas suas intenções, mas tendo cometido alguma ilegalidade. Provavelmente será mais tranquilo e mais prudente poder defender-se de fora. Mas eu acredito que o Rei [emérito] Juan Carlos tratará dos assuntos com a Justiça com todo o rigor necessário.

Já não é o primeiro caso na monarquia espanhola, e recente, de problemas com a Justiça ligados a fraudes. Desta vez o nome envolvido é do próprio Rei emérito.
Nos casos anteriores, a justiça cumpriu-se, não houve qualquer tipo de favor que tenha sido feito a favor do marido da filha [Cristina].

Mas estando agora a ser investigado Juan Carlos, até que ponto é que, sendo o antigo Rei, pode vir a afetar o seu filho Felipe e a coroa espanhola?
O que eu acho é que há as instituições e há as pessoas. A instituição da monarquia espanhola serviu o país muitíssimo bem, evitou todo o tipo de conflitos que teria havido e, portanto, cumpriu a sua função. Quanto às pessoas, cometem erros e imprudências. Há ali algumas coisas que aconteceram que não são muito exemplares.

Juan Carlos poderá estar em Portugal, onde de resto viveu na sua infância e juventude. Tem algum dado que aponte nesse sentido?
Não, isso não sei. Mas acho que seria muito bom para Portugal. Quanto mais se falar agora que Portugal é um país seguro e que se pode vir fazer turismo para aqui, melhor. Assim toda a imprensa mundial, pelo menos durante uma semana, ia só falar disso. Aí os ingleses iam ficar envergonhados em estar a pôr Portugal numa lista negra.

Comentários
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  • João Pedro
    09 dez, 2020 Portugal 12:16
    Fica uma pergunta a todos, quem são os Bourbons e de onde vieram ? Os bourbons e Orleans tem ADN R-Z381* e o João VI tem ADN U152. Como podem ver é muito diferente o ADN sr. Duarte Pio, mas temos gente iluminada que o apoia. Fica ao vosso cuidado tirarem às ilações, a monarquia não é dada pelo comportamento errático desta gente que mentem e são Turcos por nascimento. Registo 1 - Succeffum é sucessor, Patrem é pai e Nativita é nascimento. HISTORIÆ ECCLESIASTICÆLIBER CXXVIII. ADRIANUS VI PAPA., CAROLUS V. OCCIDENTIS IMPERATOR XV. Solimanus ob finiftrum asaltus fruce cellum in rabiem a
  • José J C Cruz Pinto
    09 ago, 2020 Ílhavo 11:59
    Agora que já se julga saber onde pára o ex-monarca burlão (entre muitos outros qualificativos) de Castela e arredores, por que não vai o "pseudo-queria-ser-monarca" Pio dinamizar o turismo dos Emiratos Árabes Unidos, ficando definitivamente por lá? E, quando se lhe acabar o pilim, poderá não ser grande o problema pois talvez consiga do amigo castelhano o mesmo que o Sócrates conseguiu do amigo dele.
  • Jorge Ferreira
    06 ago, 2020 Lisbon 14:14
    A ideia do "coitado foi enganado pelo Administrador" é realmente extraordinária... e quem é que terá enganado o sr. relativamente às malas de dinheiro que a imprensa espanhola divulgou que transportava da Suiça? Ou quem o terá enganado na decisão de ir caçar elefantes no Botswana quando a taxa de desemprego em Espanha e a pobreza dos seus "súbditos" aumentava sem controlo? ou no seu posicionamento relativamente ao caso Noos que precipitou a sua abdicação? Seria muito bom para Portugal se o sr. se mudasse para cá?? Muito bom para quê ou para quem? "As pessoas cometem erros e imprudências"??? Mas não é isso uma das coisas que o sr. eng. Duarte de Bragança tem repetido ao longo dos anos que não acontece nas Monarquias? A adaptação do discurso à situação é extraordinária...
  • Ivo Pestana
    05 ago, 2020 Funchal 19:24
    Bom para o turismo? Não concordo. A segurança, qualidade de vida, o povo, a cultura e as belezas naturais, isto é que é bom para atrair turismo. Agora, um Rei que se calhar cometeu crimes económicos!!! Que vá para Cuba.
  • mew
    05 ago, 2020 13:52
    Que saudades, Deus meu. Da vossa página de humor.
  • Cidadao
    05 ago, 2020 Lisboa 11:05
    Confesso que mesmo sendo Republicano, tenho uma certa curiosidade em saber como seria viver em regime Monárquico. Obviamente, não a governar. Isso seria sempre um governo que saísse de Eleições a quem o Rei daria posse. Não serão 2 Reis sem trono a viver cá, que saciam essa curiosidade, mas... Mal não faz, e os problemas de Dom Juan Carlos com Espanha, são assuntos Espanhóis, não Portugueses. Venha a Realeza. Sem trono, mas Realeza. Afinal até recebemos uma artista pop que se radicou cá, como uma "rainha"...
  • José J C Cruz Pinto
    05 ago, 2020 Ílhavo 10:42
    Mas haverá melhor ANEDOTA que esta? Com que então um "pseudo-monarca-que-nunca-o-será" a dizer que vir um "ex-monarca-que-não-deveria-ter-sido" exilar-se em Portugal (1) é, aparentemente, uma "notícia relevante" (mas, aqui, a culpa será da RR) e, ainda por cima, (2) que tal seria "bom" para o turismo em Portugal!! Não consigo rir mais! [Mas não será perigoso para o exilado vir para um lugar onde há tantas festas COVID, sem que as autoridades tomem providências?] Estará o criador da ANEDOTA a pensar que virão multidões (de republicanos ou monárquicos?) visitar o exilado, ou sequer interessar-se pela sua presença, quando o que fugitivo quer é passar despercebido?

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