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Líbano

Explosão no porto de Beirute faz 100 mortos e cerca de 4.000 feridos

04 ago, 2020 - 17:44 • Filipe d'Avillez , Joana Azevedo Viana com Lusa

Diretor da autoridade alfandegária diz que explodiram toneladas de nitrato de amónio. Primeiro-ministro promete que "responsáveis pagarão o preço" e refere "perigoso" armazém instalado na zona portuária desde 2014. Vídeos mostram a magnitude do incidente.

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Uma forte explosão abalou esta terça-feira à tarde a capital do Líbano, Beirute. Os mais recentes números, atualizados pela Cruz Vermelha local, dão conta de 100 mortos e perto de 4.000 feridos.

“As nossas equipas continuam as operações de busca e salvamento nas áreas circundantes”, informou a Cruz Vermelha libanesa, citada pela agência Reuters.

O Governo de Lisboa já informou de que não há registo de qualquer vítima de nacionalidade portuguesa e, segundo a associação Amigos de Portugal-Líbano, a comunidade luso-libanesa, que na sua maioria se concentra no bairro de Acharfieh, sofreu sobretudo de destruição de casas ou apartamentos, havendo a registar alguns feridos devido à explosão de vidros e janelas e outros objetos.

Após uma reunião de emergência do Governo, o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, prometeu que os culpados pela explosão no "perigoso" armazém do porto de Beirute serão responsabilizados. Foi declarado o estado de emergência por duas semanas.

Explosão provoca dezenas de mortos e milhares de feridos em Beirute
Explosão provoca dezenas de mortos e milhares de feridos em Beirute

"Prometo que esta catástrofe não passará incólume. Os responsáveis pagarão o preço", disse Diab num discurso transmitido na televisão. "Os factos sobre este perigoso armazém que está ali [na zona portuária] desde 2014 serão anunciados."

A explosão foi ouvida em toda a cidade, gerando ondas de choque que destruíram várias janelas e fachadas de edifícios. Imagens partilhadas nas redes sociais mostram a magnitude do incidente e as sequelas.

Segundo testemunhas à Reuters, a força da explosão estilhaçou vários vidros em fachadas de prédios e fez colapsar algumas varandas.

"Vi uma bola de fogo e fumo sobre Beirute. As pessoas gritaram e correram, a sangrar. Houve varandas que caíram dos edifícios. As janelas dos edifícios mais altos estilhaçaram-se e caíram para a rua", descreve uma testemunha à Reuters.

A agência Líbano NNA e duas fontes das forças de segurança locais dizem que a explosão ocorreu numa zona do porto de Beirute onde há armazéns com material explosivo, avança a Reuters.

Segundo um órgão de comunicação social de Beirute, o diretor da alfândega libanesa disse que expodiram várias toneladas de nitrato de amónio.

Citado pela emissora local LBC, o ministro da Saúde confirma um "número muito elevado" de vítimas e muitos danos patrimoniais e o responsável da Cruz Vermelha, George Kettaneh adianta que muitos já foram reencaminhados para os hospitais, mas que há ainda muitas pessoas presas dentro de casas que ficaram danificadas pela explosão. Alguns estão a ser resgatados de barco, acrescenta.

O hospital Hotel Dieu diz que já tratou 500 pessoas e não pode receber mais.

O primeiro-ministro libanês já lançou um apelo a pedir ajuda. Os Estados Unidos já disseram que estão a acompanhar de perto o que se passou e disponibilizaram-se para ajudar no que for possível. França, que tem uma relação próxima com o Líbano, também já ofereceu ajuda, bem como vários países do Médio Oriente.

Os primeiros indícios parecem apontar para um acidente. Elijah Magnier, um jornalista que cobre conflitos no Médio Oriente, disse na sua conta de Twitter que não se tratou de um atentado, mas da explosão de um contentor com fogo de artifício. As imagens disponíveis mostram claramente que há um incêndio de grandes dimensões e que parecem ser essas chamas que causam a enorme explosão que se seguiu.

Israel também disse oficialmente que nada teve a ver com a explosão.

Em imagens reproduzidas pela "Sky News" o governador de Beirute pode ser visto a dizer "Em toda a minha vida nunca vi um desastre desta dimensão. É uma catástrofe nacional. Não sei como vamos conseguir recuperar", antes de começar a chorar.

O Líbano tem atravessado um período de grande instabilidade política e de crise financeira. Um dos principais partidos e forças militares no país é o Hezbollah, um movimento político e paramilitar xiita, alinhado com o Irão, que se encontra em permanente estado de conflito com Israel, o que contribui para a instabilidade.

[Notícia atualizada às 06h50 de quarta-feira]

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