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I Liga

Oito treinadores, um objetivo. Como o Braga bateu o Sporting na luta pelo pódio

26 jul, 2020 - 02:04 • Inês Braga Sampaio

Este desfecho parecia quase impossível à 14.ª jornada, quando o Braga estava no 10.º lugar, a oito pontos do Sporting.

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O Braga bateu o Sporting na luta ao pódio, após uma época em que os dois clubes andaram de costas voltadas, mas também tiveram algumas coisas em comum. Acima de tudo, a dança das cadeiras: foram quatro treinadores para cada lado numa só temporada. Rúben Amorim esteve sentado nos dois bancos: saltou do Minho para Alvalade.

O terceiro lugar final dos arsenalistas parecia quase impossível à 14.ª jornada. Sob o comando de Ricardo Sá Pinto, o escolhido para orientar o Braga face à saída de Abel Ferreira para o PAOK, da Grécia, logo no início da pré-época, o Braga prosperava na Liga Europa, mas definhava no campeonato. Quando o antigo internacional português foi despedido, a 23 de dezembro de 2019, os "guerreiros" encontravam-se no 10.º lugar do campeonato.

O Sporting também não estava no auge. Na sequência de uma época histórica, com a conquista das Taças da Liga e de Portugal, o Sporting manteve Marcel Keizer no comando. Porém, ao fim de quatro jornadas, o técnico holandês tinha apenas duas vitórias e tinha sido goleado pelo Benfica na Supertaça (5-0). Frederico Varandas decidiu cortar o mal por raiz e despediu-o. O problema é que a solução interina, Leonel Pontes, correu tão mal - zero vitórias em duas rondas e nono lugar do campeonato - que o Sporting se viu obrigado a apressar a sucessão, não fosse a época ficar estragada logo à partida.

Aí chegou Silas, que tinha sido despedido do Belenenses SAD e se apresentava como um treinador jovem, que privilegiava o futebol de posse. Ao início, o antigo médio ia convencendo e, à fatídica 14.ª jornada do campeonato, o Sporting era terceiro classificado com oito pontos de vantagem sobre o Braga, que conforme referido era apenas 10.º. FC Porto e Benfica há muito tinham "criado" um campeonato só seu.

Contudo, se há algo que a corrida ao título ensinou é que não há desvantagens grandes demais para serem colmatadas. António Salvador "despachou" Sá Pinto e promoveu Rúben Amorim, então treinador da equipa B, à equipa principal. Já o Sporting manteve Silas. Após a pausa de inverno, nada foi igual.

A partir daí, o Sporting de Silas não conseguiu encadear duas vitórias seguidas para o campeonato. Por outro lado, o Braga de Rúben Amorim era uma máquina: com oito vitórias em nove jogos (mais a conquista da Taça da Liga frente a Sporting e FC Porto), três delas no Dragão, na receção ao Sporting e na Luz, os arsenalistas escalaram posição atrás de posição na tabela e não só ultrapassaram o Sporting, como abriram uma brecha de quatro pontos para o rival.

Ao fim de uma sequência de quatro vitórias em nove jornadas com Silas, já em 2020, Frederico Varandas olhou para cima, identificou o fator diferencial e foi buscar Rúben Amorim ao Braga, com o compromisso de bater a cláusula de rescisão de 10 milhões de euros, um valor nunca antes pago, em Portugal, por um treinador. Desamparado, Salvador foi obrigado a tirar novo coelho da cartola: Custódio, saído da equipa de sub-17.

A chegada de Amorim surtiu o efeito desejado, com uma sequência de seis vitórias em oito jogos que permitiu ao Sporting recuperar o terceiro lugar. Já Custódio teve um percurso titubeante e, ao cabo de seis jogos, com três derrotas e apenas duas vitórias, decidiu deixar o comando técnico do Braga, apoiado por denúncias, por parte do clube, de que o Sporting era o clube mais beneficiado pelas arbitragens.

O escolhido para levar o barco a bom porto, à 29.ª jornada, foi Artur Jorge, mais uma solução interna e que à ronda 32 mantinha o Braga com duas vitórias em três jogos, a uma curta distância do Sporting: três pontos.

A jornada 33 foi decisiva: o Braga perdeu em Tondela e ao Sporting bastava vencer o aflito Vitória de Setúbal para garantir o terceiro lugar, mas a equipa de Rúben Amorim não soube aproveitar e permitiu que a discussão do pódio durasse até à última jornada, em que teria de ir à Luz.

Numa demonstração final de força mental, o Braga operou a reviravolta sobre o campeão nacional FC Porto, em casa, e na hora da verdade, quando lhe bastaria um empate, o Sporting caiu perante o Benfica. Uma conjugação de resultados que deu o terceiro lugar ao Braga, a equipa que melhor reagiu aos momentos de maior pressão.

No final de contas, as duas equipas empataram no número de treinadores (quatro para cada lado), mas o Braga venceu na classificação. E, com isso, garantiu o acesso direto à fase de grupos da Liga Europa.

Assim, o Braga só entrará em ação, na próxima época, quando o campeonato começar, ao passo que o Sporting terá de jogar a terceira pré-eliminatória da Liga Europa a 24 de setembro (se a Liga não começar antes).

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