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Tianwen-1

China lança ambiciosa missão para pousar sonda em Marte

23 jul, 2020 - 09:44 • Lusa

Se tudo correr como previsto, o Tianwen-1 vai procurar água no subsolo de Marte ou evidências de uma possível vida antiga no planeta.

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"Questões para o Céu". China lança ambiciosa missão para pousar sonda em Marte
"Questões para o Céu". China lança ambiciosa missão para pousar sonda em Marte

A China lançou, esta quinta-feira, a sua mais ambiciosa missão a Marte, numa tentativa de pousar com sucesso uma sonda no planeta vermelho, feito alcançado apenas pelos Estados Unidos até à data.

O Tianwen-1 ("Questões para o Céu", em chinês), foi lançado pelo foguete Longa Marcha-5, a partir da ilha tropical de Hainan, no extremo sul do país, segundo a imprensa estatal.

Trata-se do segundo voo para Marte feito esta semana, depois da sonda orbital lançada pelos Emirados Árabes Unidos, a partir do Japão, na última segunda-feira.

Sonda em Marte. "Os Emirados Árabes Unidos são agora um membro do clube"
Sonda em Marte. "Os Emirados Árabes Unidos são agora um membro do clube"

Os Estados Unidos pretendem lançar o Perseverance ("Perseverança", em inglês), a sua sonda mais sofisticada de sempre, a partir da Flórida, na próxima semana.

As sondas vão levar sete meses até chegarem a Marte. Se tudo correr como previsto, o Tianwen-1 vai procurar água no subsolo de Marte ou evidências de uma possível vida antiga no planeta.

Esta não é a primeira vez que a China tenta ir a Marte. Em 2011, uma sonda orbital chinesa, que acompanhava uma missão russa, perdeu-se quando a sonda não conseguiu sair da órbita da Terra, após o lançamento a partir do Cazaquistão, acabando por arder na atmosfera.

Desta vez, a China avançou sozinha e lançou na mesma missão uma sonda orbital e uma de exploração do terreno, em vez de realizar dois lançamentos.

O programa espacial da China desenvolveu-se rapidamente nas últimas décadas. Yang Liwei tornou-se, em 2003, o primeiro astronauta chinês e, no ano passado, Chang'e-4 tornou-se a primeira nave a pousar no lado da lua não visível a partir da terra.

Explorar Marte daria à China "muito prestígio", defendeu Dean Cheng, especialista no programa espacial chinês, da Heritage Foundation, em Washington.

Aterrar em Marte é particularmente difícil. Apenas os EUA pousaram com sucesso uma nave em solo marciano, num feito alcançado por oito vezes, desde 1976. Os veículos espaciais InSight e Curiosity da NASA continuam a operar até hoje.

Seis outras naves espaciais estão a explorar Marte a partir da órbita do planeta: três norte-americanas, duas europeias e uma da Índia.

A China controla com rigor as informações sobre o seu programa. Preocupações com a segurança nacional levaram os EUA a restringir a cooperação entre a NASA e o programa espacial da China.

Num artigo publicado no início deste mês na revista Nature Astronomy, o engenheiro-chefe da missão, Wan Weixing, disse que o Tianwen-1 entraria em órbita em torno de Marte em fevereiro do próximo ano e que procuraria um local de pouso na Utopia Planitia - uma planície onde a NASA detetou possíveis evidências de gelo subterrâneo.

Wan morreu, em maio passado, de cancro.

Segundo o artigo, o pouso seria tentado em abril ou maio. Se tudo correr bem, a sonda, movida a energia solar, e do tamanho de um carrinho de golfe de 240 kgs, vai operar durante cerca de três meses.

Embora pequeno em comparação com a sonda norte-americana, que pesa 1.025 kgs, tem quase o dobro do tamanho dos dois veículos que a China enviou à Lua, em 2013 e 2019.

Os três países escolheram esta altura para lançar as respetivas sondas porque é o período em que Terra e Marte estão mais próximos, situação que se repete a cada 26 meses.

"Em nenhum outro momento da nossa história vimos algo parecido com o que está a acontecer com estas três missões a Marte. Cada uma delas é uma maravilha da ciência e da engenharia", disse o diretor-executivo da Space Foundation, Thomas Zelibor.

O caminho da China para Marte deparou-se com alguns entraves: o lançamento do foguete Longa Marcha 5, marcado para o início deste ano, acabou por falhar.

A pandemia do novo coronavírus forçou também os cientistas a trabalharem a partir de casa.

Enquanto a China se está a juntar aos EUA, Rússia e Europa na criação de um sistema de navegação global por satélite, especialistas dizem que o país não está a tentar superar a liderança dos EUA na exploração espacial.

Cheng, da Heritage Foundation, disse que a China está antes numa "corrida lenta" com o Japão e a Índia para se estabelecer como potência espacial da Ásia.

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