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Passado e presente na Taprobana, o cenário do novo "thriller" histórico de Eduardo Pires Coelho

21 jul, 2020 - 19:44 • Maria João Costa

“Taprobana” é o título do romance histórico do escritor Eduardo Pires Coelho, um livro passado em dois séculos diferentes, que começa em Lisboa com a morte de um cientista que descobriu uma cura para uma doença.

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“Taprobana” é o título do novo livro de Eduardo Pires Coelho, mas é também uma das palavras que surge na primeira estrofe de “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões. Poucos saberão onde fica a Taprobana, e ler este livro, que se anuncia como um "thriller" histórico, pode ajudar.

Taprobana foi um dos nomes que o Sri Lanka teve no passado, embora no tempo em que os descobridores portugueses por lá andaram, chamava-se Ceilão.

Parte da história do livro, agora editado pela Oficina do Livro, passa-se no antigo Sri Lanka, no século XVI. Mas a obra cruza-se também com o tempo presente. A ação começa em Lisboa, com a morte de um médico e cientista do Sri Lanka, Ernest Fonseka de seu nome.

Formado em gestão, Eduardo Pires Coelho explica à Renascença que fez um longo processo de investigação para a escrita deste livro: “É um período muito rico em factos históricos, por isso perdi muito tempo e investi na investigação. Eu próprio que gosto muito de História conhecia mal o período português no Ceilão, desconhecia quase por completo o que lá se tinha passado. Há muita gente que não sabe onde fica a Taprobana, essa ilha a sul da Índia que agora se chama Sri Lanka”.

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O enredo do livro, que começa com a morte do cientista que estava a testar um medicamento milagroso em doentes terminais, com resultados muito positivos, entra em diálogo com o passado. “A ação decorre em simultâneo”, explica o autor, que já editou antes a obra “O Segredo da Flor do Mar”.

Eduardo Pires Coelho confessa que gosta da “dinâmica do encontro entre o presente e o passado” e sublinha que “são duas histórias que, aparentemente, parecem distintas, mas acabam por ser a mesma história”.

A ligar as duas histórias está a personagem de Mafalda de Castro, uma jovem mestiça, filha de mãe portuguesa que nos finais do século XVI foi testemunha dos desencontros entre os vários reinos, quando Portugal sonhava dominar toda a ilha de Ceilão.

“É a personagem principal da parte do passado. O livro retrata a sua vida desde a infância e ela cresceu numa altura muito importante no Ceilão, quando os portugueses tentaram conquistar a ilha por completo. Através dela, o leitor vai percebendo o contexto do que era o Ceilão no final do século XVI, uma terra cheia de contrastes, com muita diversificada e com um ambiente de guerra muito presente.”

Ainda hoje existem marcas portuguesas neste território a sul da Índia. Eduardo Pires Coelho, que é um viajante nato e que já conheceu 56 países em quatro continentes, explica que no Sri Lanka, onde os portugueses estiveram mais de 150 anos, “uma das marcas mais visíveis são os apelidos”. De resto, uma das suas personagens, o médico morto nas primeiras páginas, tem o apelido Fonseka.

O escritor, que recorda o espanto com essas marcas portuguesas quando viajou para o Sri Lanka, lembra ainda que há outras marcas, como a religião, algumas palavras e culinária.

O livro “Taprobana” ajuda assim a conhecer melhor o passado. Eduardo Pires Coelho explica que o “Ceilão foi um caso atípico no império português no Oriente.” Segundo o autor, “o império era um conjunto de portos ligados entre carreiras navais”, mas no caso do Ceilão “houve uma tentativa de conquista territorial da ilha. Foi um caso atípico, para o qual os portugueses não estavam preparados, porque eram muito fortes no mar, mas em terra tiveram de enfrentar novas situações difíceis”.

Eduardo Pires Coelho esclarece, no entanto, que “o livro não pretende ser opinativo sobre o passado colonial de Portugal no Sri Lanka. Retrata factos, e trata de uma história em particular”.

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