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Bactérias resistentes a antibióticos detetadas em praias do Norte

25 jun, 2020 - 19:29 • Henrique Cunha

Resultados foram obtidos no âmbito do projeto BeachSafe, que estuda a presença de agentes microbianos em 10 praias do norte de Portugal.

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Investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto, detetaram bactérias patogénicas, algumas até resistentes a antibióticos, nas águas de praias balneares do norte do país, que acreditam serem impulsionadas pelas alterações climáticas.

Numa publicação no site da Universidade do Porto, o gabinete de comunicação do ICBAS afirma que os resultados foram obtidos no âmbito do projeto BeachSafe, que estuda a presença de agentes microbianos em 10 praias do Norte: Afife, Ofir, Póvoa de Varzim, Árvore, Matosinhos, Salgueiros, Aguda, Paramos, Cortegaça e São Jacinto.

Em entrevista à Renascença, Adriano Bordalo e Sá, investigador do ICBAS, explica que o estudo visa, em primeiro lugar, “sensibilizar os responsáveis”.

Algumas destas praias têm bandeira azul. Como se explica a presença destas bactérias?

Como não é uma bactéria de despiste obrigatório as autoridades oficiais desconhecem a sua existência nas praias porque não as despistam. E um dos objetivos do trabalho é tentar sensibilizar os responsáveis em Portugal e também a comunidade internacional para esta questão. É que o facto de nós termos uma praia com bandeira azul não significa que não haja riscos para as pessoas, não devido aos indicadores tradicionais de contaminação fecal mas por outras bactérias que existem naturalmente e que nestes últimos tempos com estas alterações climáticas e nomeadamente com o aumento da temperatura da água do mar tem permitido o desenvolvimento de bactérias que acabam por ser potencialmente nocivas para o homem.

Perante isto, deixe-me perguntar: apesar de terem bandeira azul, nesta altura, estas praias podem ser abertas?

Pode estar em causa a saúde pública porque é preciso deixar claro que o facto de nós termos lá essas bactérias não significa que imediatamente uma pessoa adoeça. Só que o risco existe porque elas podem estar dormentes mas não ativas. E os nossos estudos em curso pretendem exatamente perceber quais são os mecanismos que fazem que uma bactéria que está lá, sem estar ativa, se ativa.

Como se trata isto?

Neste momento esta é uma questão que está ainda por resolver.

Nesta altura, na sua perspetiva estão reunidas as condições para se ir a banhos nestas praias?

Essa é uma pergunta sempre difícil porque a possibilidade de uma pessoa se infetar com estes indicadores que nós agora identificamos é variável e depende por exemplo se uma pessoa bebe ou não bebe água. Depende também do estado de saúde de cada um. Portanto, o risco não é ainda perfeitamente percetível como é com outros indicadores.

Neste momento os riscos são ainda pouco conhecidos e está-se a trabalhar a nível da Europa para os perceber. Aliás, nós fazemos parte de um grupo europeu que estuda este tipo de problema e aqui o nosso grande objetivo é perceber qual é que é o risco para as pessoas. Mas uma coisa é certa: neste momento, oficialmente, isto não é controlado.

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