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João Ferreira do Amaral
Opinião de João Ferreira do Amaral
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As possíveis consequências da pandemia

03 jul, 2020 • Opinião de João Ferreira do Amaral


Talvez o que se possa destacar como uma novidade da Covid-19 é a o facto de ser a primeira pandemia verdadeiramente global a incidir numa sociedade cuja economia é, também pela primeira vez, fortemente globalizada.

Ao contrário de outros, penso que ainda é muito cedo para se prever se esta pandemia vai ter consequências duradouras no funcionamento das economias e das sociedades em geral. O certo é que a História nos tem dado exemplos muito diversos. Se é verdade que, no séc. XIV, a Peste Negra teve consequências muito importantes, não é menos verdade que a letalidade dessa pandemia não foi comparável (felizmente!) à actual. Mais próximo de nós, a chamada pneumónica, que a geração anterior à minha ainda recordava como uma enorme calamidade, não parece ter tido consequências económicas muito profundas, apesar do grande número de vítimas.

Talvez o que se possa destacar como uma novidade da Covid-19 é a o facto de ser a primeira pandemia verdadeiramente global a incidir numa sociedade cuja economia é, também pela primeira vez, fortemente globalizada.

Tal tem consequências imediatas importantes, como sejam as perturbações dos processos produtivos que se repartem por diversas regiões do globo. Daí a falta de matérias-primas que ocorreu devido ao problema chinês e que não estamos livres de experimentar novamente com a expansão da pandemia para outros espaços.

Existe um outro aspecto que vale a pena lembrar. A pandemia surge numa altura em que a Humanidade já sente a necessidade de travar a sério o aquecimento global. O aquecimento global não é uma pandemia. Mas tal como esta, é uma ameaça da qual cada país não se pode defender apenas com as suas próprias armas.

Como disse no início, não sei se a pandemia irá ter consequências duradouras. Mas pelo menos no domínio da política internacional era bom que tivesse de forma a encontrar mecanismos institucionais que permitam à Humanidade defender-se de riscos que são verdadeiramente globais, sem tentativas de centralismo, que serão provavelmente contraproducentes.

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