Fórmula 1 regressa quatro meses depois, sem público e com passagem provável por Portugal

03 jul, 2020 - 08:00 • Eduardo Soares da Silva

Apenas com oito corridas confirmadas, a Fórmula 1 vai arrancar a temporada 2020 na Áustria, com muitas medidas de segurança face à pandemia da Covid-19. Portimão deverá entrar no calendário desta temporada, que já conta com sete corridas canceladas, incluindo o Mónaco.

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A Fórmula 1 está de regresso este fim de semana, com o primeiro de dois Grande Prémios na Áustria, com um calendário profundamente alterado e inacabado - com Portimão à espreita como provável passagem -, sem público, para já, e com transferências acordadas para a próxima temporada.

O Campeonato do Mundo estava inicialmente agendado para arrancar no fim de semana de 14 e 15 de março, com o tradicional Grande Prémio da Austrália e com milhares de espectadores presentes nas ruas de Melbourne.

Já com a Covid-19 em propagação ativa no país e no resto do mundo, os responsáveis pela organização da Fórmula 1 e da corrida em Melbourne mantiveram esperança na realização do mesmo até à última.

A confirmação de casos positivos no "staff" da McLaren levaram a que a equipa desistisse da presença no primeiro GP da época na quinta-feira, véspera da primeira sessão de treinos livres.

A poucas horas do regresso dos carros à pista, o Grande Prémio foi suspenso (e, mais tarde, cancelado), assim como toda a temporada da Fórmula 1. Passados quase quatros meses, a Fórmula 1 regressa à pista, não em Melbourne, mas na Áustria.

Quais as medidas de segurança para o regresso?

Ross Brawn, diretor-desportivo da Fórmula 1, anunciou as primeiras de muitas alterações no que seria um habitual fim de semana de Grande Prémio, com milhares de pessoas nas bancadas e no "paddock".

"Temos de ter garantias da situação da Covid-19. Muitas das práticas que tínhamos no passado simplesmente não podem continuar. Uma grelha de partida cheia de pessoas não é viável. Todo o processo desde que as equipas chegam à pista até tudo estar arrumado teve de ser pensado e repensado", afirmou.

As corridas, por agora, serão todas à porta fechada, apesar da Fórmula 1 manter a esperança de, no futuro, poder voltar a receber os aficionados, sendo que o campeonato dura diversos meses.

Todas as pessoas que marcam presença no recinto da corrida terão de ser testadas à Covid-19 antes de fazerem a viagem para o país. A F1 garante testagem durante os eventos, para além de medidas de monitorização durante toda a semana do Grande Prémio.

A celebração no pódio foi também cancelada, uma das imagens de marca da Fórmula 1, sendo que deverá ser feita uma breve cerimónia na pista depois do fim da corrida, segundo o diretor da organização.

As equipas, a FIA e a organização da F1 terão menos pessoas presentes nos circuitos, privilegiando o trabalho remoto, sempre que possível.

Uma semana inteira "numa bolha". É assim que a própria Fórmula 1 descreve o isolamento social obrigatório durante toda a semana em que os intervenientes estão em cada cidade. Todos devem viajar em voos privados e deslocar-se em transportes próprios para o hotel e para a pista.

E se alguém testar positivo?

A Fórmula 1 não vai cancelar a corrida caso seja detetado um caso positivo. A organização acredita que conseguirá evitar a presença de qualquer infetado devido à testagem obrigatória antes da viagem para o Grande Prémio e durante toda a semana.

Ainda assim, a organização está "confiante que os processos de isolamento colocados em marcha e a separação das equipas permita rápida deteção de todos os contactos e testes para determinar de forma imediata o risco de transmissão".

Em comparação a um evento normal, estarão zero espectadores no recinto, ao contrário de uma média de 150 mil durante os três dias do evento. Estarão zero convidados no "paddock", ao contrário de três mil, e estarão apenas 1.200 elementos do "staff" das equipas, ao contrário de um número que pode chegar aos cinco mil.

Portimão no calendário?

Todo o calendário da Fórmula 1 está pensado e definido antes da temporada anterior sequer ser concluída, um esforço feito pelos governos locais e nacionais, FIA e equipas. Os responsáveis da Fórmula 1 esperam conseguir que a temporada tenha entre 15 a 18 corridas.

Para já sete corridas estão oficialmente canceladas e não serão realizadas esta época, com destaque para o GP dos Países Baixos, em Zandvoort, que regressava esta época ao calendário, assim como a icónica corrida no Mónaco.

França, Austrália, Azerbaijão, Singapura e Japão também já cancelaram o GP nesta temporada. Abu Dhabi, Bahrein, Brasil, Canadá, China, México, Estados Unidos, Rússia e Vietname ainda estão suspensos, sem datas definidas e podem até mesmo ser canceladas.

Nesse sentido, a Fórmula 1 volta apenas com oito corridas, com dois Grande Prémios na Áustria, no Red Bull Ring, e dois no Reino Unido, em Silverstone.

Hungria, Espanha, Bélgica e Itália recebem as restantes corridas que determinam um primeiro esboço do calendário.

Já com sete corridas canceladas, a Fórmula 1 procura alternativas para evitar situações de repetição de corridas, como na Áustria e Reino Unido. O Circuito Internacional do Algarve, em Portimão, está referenciado para acolher uma das provas da segunda metade do Campeonato Mundial de Fórmula 1 em 2020, admitiu Ross Brawn.

"Há uma série de circuitos europeus que estão a ser avaliados como potenciais palcos de corridas depois das primeiras oito [já conhecidas], incluindo Imola (Itália), Portimão (Portugal) ou Hockenheim (Alemanha), entre outros", lê-se.

O administrador do Autódromo Internacional do Algarve garante que existe “muita vontade das equipas” de Fórmula 1 que Portugal integre o calendário, sendo que uma decisão final poderá ser anunciada pela organização nos próximos dias.

Alguns pilotos já dão como garantida a presença de Portimão no calendário e revelaram que já treinaram a pista em diversos simuladores.

A confirmar-se seria o regresso da Fórmula 1 a Portugal quase 25 anos depois. Estoril recebeu Grande Prémios entre 1958 e 1996.

Equipas combatem a pandemia e mercado de pilotos a ferver

Sete equipas de Fórmula 1 sediadas no Reino Unido colocaram de lado a rivalidade e uniram-se para fabricar dispositivos médicos, em particular ventiladores, que ajudem no tratamento de doentes com Covid-19.

Red Bull, Racing Point, Haas, McLaren, Mercedes, Renault e Williams vão unir esforços no "Projeto Pitlane", com o objetivo de fabricar ventiladores e outros dispositivos médicos. No total, foram produzidos cerca de 20 mil ventiladores.

Entretanto, o mercado de pilotos já começou a mexer, mesmo antes da temporada sequer ter começado. Uma das grandes dúvidas era a situação de Sebastian Vettel na Ferrari, depois da boa temporada de Leclerc na primeira época ao serviço da equipa italiana.

Durante a suspensão das corridas, a Ferrari anunciou que não vai renovar o vínculo de Vettel. O substituto escolhido é Carlos Sainz, que foi o "melhor do resto" na última temporada, na McLaren.

Para o lugar vago na McLaren, a equipa inglesa contratou Daniel Ricciardo, que arranca a sua segunda temporada na Renault, depois de ter deixado a Red Bull.

Desconhecido, para já, é o futuro de Vettel, hexacampeão com a Red Bull, entre 2010 e 2013, sendo que a retirada da Fórmula 1 é um cenário possível, segundo a imprensa internacional especializada.

Por agora, as equipas estão definidas e os monolugares voltam à pista neste fim de semana, sete meses depois da última corrida, em dezembro, em Abu Dhabi, e cinco meses depois dos testes de pré-época, em fevereiro, em Barcelona. A corrida na Áustria está marcada para domingo, às 14h10.

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  • 03 jul, 2020 11:56
    O que aquilo estava precisar era a formula 1 entrar na quinta atalaia a acelar de prego a fundo!

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