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Douro. Avança candidatura do barco rabelo a Património da Humanidade

02 jul, 2020 - 12:49 • Olímpia Mairos

“O barco rabelo é símbolo da força e do sacrifício dos homens, numa época em que a navegação feita pela barra do rio Douro era uma verdadeira odisseia”, argumenta a autarquia da Régua.

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A Câmara do Peso da Régua e a Confraria dos Vinhos do Douro vão dar início à candidatura para classificação do barco rabelo como Património Mundial da Humanidade.

“A importância deste reconhecimento prende-se com a relação histórica com o rio Douro, a região, Peso da Régua, enquanto capital histórica da primeira região demarcada e regulamentada do Mundo, com a formação e desenvolvimento do território e das suas gentes”, explica a autarquia reguense.

As típicas embarcações fluviais do rio Douro que transportavam as pipas do vinho do Porto, desde as vinhas do Alto Douro até Vila Nova de Gaia, onde o vinho era armazenado para posterior comercialização simbolizam a “força e o sacrifício dos homens, numa época em que a navegação feita pela barra do rio Douro era uma verdadeira odisseia”.

Para os promotores da candidatura, “o rio que nos levou ao mundo, que traz o mundo até nós” continua a ser a mais bela expressão da grandeza daquele território.

O rabelo era o tipo de barco apropriado para navegar em águas pouco profundas, com excelente desempenho nas zonas de fortes rápidos. As características de construção da embarcação reportam-nos para a época dos Vikings, derivando o nome rabelo da configuração do barco, com a sua imensa espadela, em forma de rabo.

A embarcação era um barco de rio de montanha, com fundo chato, tendo como leme uma peça comprida e grossa em forma de pá ou remo, quase do seu tamanho, a que se dava o nome de espadela.

“Na saga dos rabelos merecem destaque pela coragem e determinação com que se entregaram ao rio Douro, o arrais, o feitor da espadela, o feitor da proa, o moço, os cabresteiros, o vinhateiro e o ponteador, uma tripulação constituída por 11 a 16 homens. É esta força que também pretendemos homenagear”, assinala autarquia.

Atualmente, os barcos rabelos são utilizados pelos turistas para passeios no rio Douro.

Na sua era de glória, nos séculos XVIII e XIX, chegou a haver 2500 rabelos a cruzar o Douro. A última navegação comercial de rabelos terá acontecido em 1964, embora haja quem afirme que terá sido em 1965.

A autarquia do Peso da Régua e a Confraria dos Vinhos do Douro estão já a encetar contatos com vista à formalização de parcerias que contribuam para a sustentabilidade da candidatura para classificação do barco rabelo como Património Mundial da Humanidade.

“Esperamos que a UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura possa, uma vez mais, distinguir o Douro com a atribuição do mais alto galardão, que reconhecerá perante o mundo, a importância daquilo que nos distingue como povo e como território”, conclui a autarquia.

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  • Martinho Rocha /ADEP
    17 out, 2020 Castelo De Paiva 18:28
    Não é verdade que há rabelos a transportar turistas. Quando muito poderá dizer-se que serviram de inspiração ao tipo de barco usado hoje nos passeios no Douro. Não achamos bem este tipo de abordagem. Já houve! Ainda assim, se revistos alguns aspectos, candidatura faz sentido e gostariamos de colaborar. Também deverão ser incluídas na candidatura as marcas da sirga, ou seja as marcas existentes ainda em algumas fragas das margens do Douro, onde ficaram gravados sulcos deixados pelas cordas/arames de puxar os barcos pelos animais e pessoas quando o vento não era suficiente.

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