Tempo
|
A+ / A-

“Bienvenidos!” Reabertura de fronteira é “reencontro de irmãos e amigos”

01 jul, 2020 - 16:00 • Rosário Silva

Para o primeiro-ministro português, é fundamental que “os contactos voltem, gradualmente, a adquirir a dimensão e a dinâmica anteriores à eclosão da pandemia".

A+ / A-

A manhã já estava a meio, em Portugal, e, no castelo de Elvas, sentada na portada de sua casa, Maria Angélica Monteiro não via a hora de poder ver de perto as mais altas figuras dos estados português e espanhol.

“É uma alegria estar aqui a assistir a isto, pois gosto muito do nosso Presidente da República, é uma pessoa espetacular, e queria muito conhecer o Felipe VI”, conta à reportagem da Renascença, nos breves instantes em que conseguimos “fugir” aos olhares de uma segurança apertada, que começou logo pela manhã, em Badajoz, onde se cumpriu a primeira parte do programa que assinalou a reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha.

Sem discursos oficiais, para além da foto de família, nos dois lados da fronteira, foram executados os hinos português e espanhol, perante o Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, o rei de Espanha, Felipe VI, o primeiro-ministro português, António Costa, e o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez.

Maria Angélica assistiu de longe, não se poupou às palmas e ainda conseguiu estar a menos de dois metros de distância do rei e do Presidente da República. De resto, Marcelo Rebelo de Sousa não resistiu e “furou” a segurança, logo seguido de Felipe VI, para se aproximar das cerca de duas dezenas de pessoas que os aguardavam na cidade alentejana.

Para esta elvense, que até trabalha no hospital local, foi “uma alegria”, depois de um período “difícil e de medo”. Hoje, o ânimo regressou. “Nós fazemos parte de Espanha, e Espanha de Portugal. É onde vamos passear, às compras, onde pomos gasolina, e eles vêm cá, sentam-se e falam connosco, por isso temos sentido muito a sua ausência”, confessa, acreditando que a partir de agora tudo vai melhorar, principalmente “a parte económica.”

A mesma convicção transmite, Nuno Cachola. Estava de folga e decidiu dar uma volta pela cidade raiana. “É uma ocasião importante para a cidade, ver estas caras aqui. Pode ser que tragam bons ventos, não sei”, refere-nos. Os tempos têm sido complicados, com “comércio a sentir-se muito”, afirma o elvense que acredita em melhores dias “a partir de hoje”, com a reabertura da fronteira, com “os espanhóis a vir até cá, e nós também vamos até lá, para ver se isto começa a andar.”

Um pouco mais à frente, encostada à parede, Rosa Maria trouxe a bandeira de Portugal. “Estou aqui a ver o presidente português e o rei espanhol, e como isto é muito bonito para a nossa terra, trouxe a bandeira pois sou portuguesa da cabeça aos pés”, diz-nos, sorrindo.

Os últimos meses foram de grande preocupação, sobretudo “por causa dos netos”, mas o dia de hoje é para festejar. “Temos fé em Deus e este acontecimento é um sinal de esperança de que o futuro vai ser melhor”, admite, Rosa Maria.

Reabertura de fronteira é “reencontro de irmãos e amigos”

E o futuro faz-se de “tranquilidade, certeza e confiança”, nas palavras de Pedro Sanchéz. No final das cerimónias oficiais, o primeiro-ministro espanhol, juntamente com o primeiro-ministro português, António Costa, responderam a algumas perguntas dos jornalistas.

O chefe do governo de Espanha considerou que a crise provocada pela covid-19, por um lado, é “uma grande oportunidade” para a Europa reivindicar “o seu modelo” de “Estado de bem-estar forte” e com “uma saúde pública gratuita e universal” e, por outro lado, “deixou uma grande lição”, foi a de que “a política económica tem que ter como principal objetivo a coesão”, que é “fundamental” para fortalecer o projeto europeu.”

Uma declaração partilhada por António Costa, ao considerar que a reabertura da fronteira, “a mais antiga da Europa”, é “um reencontro entre vizinhos, irmãos e amigos" que terão maior influência se estiverem unidos no seio da União Europeia.

Para o primeiro-ministro português, é fundamental que “os contactos voltem, gradualmente, a adquirir a dimensão e a dinâmica anteriores à eclosão da pandemia" de covid-19, tendo uma palavra especial para “as populações raianas que, quotidianamente, atravessam a fronteira", referiu.

"A pandemia ofereceu-nos a visão de um passado ao qual não queremos voltar: um continente de fronteiras encerradas. A liberdade de circulação consolidou-se no espírito dos cidadãos europeus como um dos princípios fundamentais da ideia de Europa", acrescentou, ainda, o chefe do governo português, que se despediu, com um “Bienvenidos!”

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+