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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Um mundo melhor?

24 jun, 2020 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A par de iniciativas de grande generosidade, a pandemia parece, com o desconfinamento, favorecer um ambiente de violência. Ambiente que é sobretudo preocupante entre os jovens.

Após dez anos a descer em Portugal, a criminalidade violenta voltou a crescer no ano passado. Houve, em 2019, uma média de 40 crimes violentos por dia. O homicídio voluntário consumado aumentou 34%. A violência doméstica subiu mais de 11%. Isto aconteceu antes da pandemia.

Os primeiros dados sobre a criminalidade em 2020, durante a pandemia, parecem favoráveis, mas receio que, uma vez decorrido o resto do ano em curso, eles sejam desmentidos. Um responsável policial disse ontem à TSF: “dantes, quando a polícia chegava ao local do crime, os presumíveis criminosos fugiam; agora, voltam-se contra a polícia, agredindo-a”.

Como se sabe, na zona da Grande Lisboa e Vale do Tejo a polícia não vai limitar-se a solicitar que se desfaçam ajuntamentos de mais de 10 pessoas; irá, pela força se necessário, obrigar a que esses ajuntamentos se desfaçam mesmo. E passará multas aos infratores. O que poderá levar a atitudes e gestos de forte agressividade contra os polícias.

O ambiente de violência acentua-se entre os jovens, talvez porque foi excessivo o tempo de confinamento, atrasando o regresso à socialização nas escolas. Temos notícia de assassinatos ou tentativas de assassinato entre rapazes de 14 e 15 anos. E custa a acreditar que os filhos do ator Pedro Lima, que apareceu morto na praia do Abano, têm vindo a receber mensagens a dizer que "é bem feita terem perdido o pai". O horrível facto foi revelado na TV pela apresentadora da SIC Liliana Campos.

Também nós, jornalistas, temos que vigiar a informação que damos sobre crimes violentos. Num texto “como um grito sufocado pela dor”, Paula Lebre, mãe da jovem recentemente assassinada pelo namorado, que depois deitou o corpo dela ao rio Tejo, afirma no “Público” de segunda-feira que, na comunicação social, “continua a haver uma tendência sensacionalista e especulativa em romantizar a violência.”

Muita gente se consolava dos incómodos do confinamento com a esperança de que, uma vez ultrapassada a pandemia, teríamos um mundo melhor, mais solidário e mais pacífico. De facto, houve e há notáveis gestos e iniciativas de apoio e generosidade, visando os mais prejudicados pela pandemia, os mais pobres – muitos dos quais não têm dinheiro para comer. Mas não podemos esquecer os sinais negativos, até de ódio, que infelizmente também têm surgido.

Comentários
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  • Desabafo Assim
    25 jun, 2020 09:24
    Não se faço do Homem pior do que ele é na realidade, o Homem do “bom selvagem” nunca faria tamanha maldade, o seu erro é minúsculo. Pode ser atribuída a culpa ao Homem que no topo de uma montanha, coberta de neve, que espirra e dai saiu uma avalanche? Assim são os homens, têm culpa, mas se se arrependerem será tido em conta as suas circunstâncias. Ao Homem foi dado todo um planeta para ser feliz, alguém tem dúvidas? não brota a água a rocha, o petróleo do deserto o carvão do frio, quem foi esquecido pelo planeta, não produz ele comida em sobejo para alimentar a humanidade? Essa é a realidade. O zombador diz, depois do terramoto alguém dizia, arrependei-vos pois o fim do mundo está próximo, tal não aconteceu, dai que cada um veja por si a falsidade dessa verdade, pois digo que com esse fim do mundo do zombador passo eu bem, ele dizia a verdade, que vem desde o tempo do limpador de veredas, o fim do mundo de cada um está próximo, sem efeitos especiais. Também ao zombador do amigo invisível, que és tu na realidade senão um ser invisível, quando tu abandonares o teu corpo que lá fica? Viste essa força abandona-lo? Então que é o homem senão um ser invisível. Os jovens são vítimas da humanidade, têm tudo para serem felizes e a humanidade engana-os, escraviza os seus sonhos na engrenagem, não lhes diz a verdade, fala-lhes da mentira das suas próprias vidas. Arrepender é dizer, SEI a minha condição, não sou senhor de mim próprio sem ti Deus do universo, cuidador de toda a vida.