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“Lisboa não pode ser mais eucalipto do que já é”. Autarcas do Norte e do Algarve ignoram apelo da TAP

23 jun, 2020 - 19:06 • Henrique Cunha

“Estaremos a pagar mordomias a mais e, agora, vêm pedir dinheiro aos portugueses?”, questiona o presidente da Associação de Municípios do Algarve.

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O presidente do Conselho Regional do Norte, Miguel Alves, afirma que o apelo do presidente da TAP à união do país “tem de ser baseado numa estratégia nacional da transportadora”.

Em tom irónico, o autarca de Caminha diz ter ficado "muito sensibilizado com o apelo à unidade que o presidente da Comissão Executiva da TAP lançou".

"Para termos uma unidade nacional, temos que ter uma estratégia nacional e isso ainda não compreendemos que exista", argumenta Miguel Alves, acerscentando que espera de Antonoaldo Neves "o gesto de quem quer unir e o abraço que é fundamental deve existir, desde logo, nos pressupostos".

Num tom mais sério, o presidente do Conselho Regional do Norte diz ter encontrado nas declarações de Antonoaldo Neves no Parlamento sinais de “divergência de opiniões e posições entre comissão executiva da TAP, o Governo e as regiões, pelo que é mesmo muito necessário sentarmo-nos todos à mesa”.

Miguel Alves manifesta-se preocupado com as declarações do responsável da TAP, no Parlamento, porque "veio dizer que não aceita dogmas quanto à rede da TAP", o que significa “um remoque aos autarcas e às empresas do Norte que exigiram que o debate sobre as novas rotas seja feito a partir das mesmas proporções que existiam antes do período da pandemia".

“O dogma que interessa aqui não é esse, o dogma que interessa aqui é o dogma do dinheiro público e de estarmos perante uma empresa pública, que tem o dinheiro dos impostos dos portugueses e também, já agora, dos impostos da população do Norte do país”, insiste o autarca para concluir: “Esse é que é o dogma do qual partimos e só uma estratégia nacional é que pode mobilizar uma unidade nacional."

Preocupação também no Algarve

As declarações do alto responsável da TAP deixaram também preocupado o presidente da Associação de Municípios do Algarve (AMAL).

Ouvido pela Renascença, António Miguel Pina defende que “a TAP tem de explicar muito bem porque é os seus custos são o dobro das 'low cost'”.

“Estaremos a pagar mordomias a mais e, agora, vêm pedir dinheiro aos portugueses?”, questiona.

O autarca de Olhão diz que não ficou sensibilizado com o apelo de Antonoaldo Neves e que o sentimento que o invadiu é mesmo de preocupação.

"Os algarvios estão disponíveis para ajudar a TAP”, diz, Pina, alertando, todavia, que “é preciso também que o Governo ajude o turismo do Algarve”.

"Quando o país mantem a TAP, promove o turismo de Lisboa e o Governo, se não ajudar na atracão de mais clientes nas empresas que voam para o Algarve, o turismo do Algarve não cresce igual ao de Lisboa”.

"Isso não é aceitável não só para os algarvios, pois o resto do país também não aceitará que haja essa falta de equidade de tratamento das principais regiões de turismo que são determinantes para o impulso da retoma económica”. “Lisboa não pode ser mais eucalipto do que já é”, conclui.

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