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Luís Martins

Sporting tem vendido "sem ponderar verdadeiro valor dos jogadores"

17 jun, 2020 - 12:45 • Luís Aresta

Luís Martins, antigo coordenador técnico do clube, avisa que vender prematuramente é vender mal. Ex-responsável pela formação reconhece mérito a Rúben Amorim na oportunidade que está a dar aos mais jovens.

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Luís Martins, ex-coordenador técnico do Sporting, conhece bem a fornada de jogadores com que Rúben Amorim está a trabalhar no plantel principal e reconhece-lhes qualidade e talento, pelo que considera que a necessidade de vender jovens valores acaba por ser prejudicial ao clube.

“Vender precocemente é vender mal”, diz, complementando que “o Sporting, e não só recentemente, com a necessidade de vender, tem feito negócios apressados, sem ponderar o verdadeiro valor e a progressão". "No treino, falamos em potencial e em rendimento. Estes jogadores estão abaixo do rendimento que podem vir a ter, mas têm muito potencial”, assinala, em entrevista a Bola Branca.

Luís Martins reconhece mérito a Rúben Amorim pelas oportunidades que o técnico do Sporting está a dar aos jogadores formados na Academia de Alcochete. O ex-coordenador técnico dos leões considera que o atual treinador não deve colher todos os louros na aposta na formação, mas é, sem dúvida, um elemento chave:

“O treinador é muito importante, porque é ele que possibilita jogar ou não jogar, estar ou não na lista e potenciar o jogador em termos emotivos, para poder render aquilo que um jovem precisa de ter numa estreia."

Luís Martins sublinha, porém, que “é preciso perceber que a tradição do Sporting é essa, aproveitar os valores que há nas camadas jovens”.

Formação pode ser base da equipa principal


O técnico, de 56 anos, com larga experiência ao nível da coordenação, vê um Sporting, a curto prazo, assente nos jovens valores formados na Academia.

“Por aquilo que vamos sabendo, o Sporting está mesmo em condições de planear assim a próxima época”, aponta.

Quer pelas circunstâncias geradas pela pandemia, quer “porque há condições dentro do Sporting para se apostar em jogadores que têm talento e às vezes só precisam da oportunidade para o demonstrar; o Sporting tem esses jogadores dentro da formação há muitos anos, isso é histórico”.

Terminar campeonato no pódio é objetivo ao alcance


Nesta entrevista a Bola Branca, Luís Martins considera desajustadas as análises que tendem a desvalorizar a qualidade do plantel leonino e entende que a equipa reúne condições para terminar o campeonato no terceiro lugar.

“Condições tem. Os jogadores já provaram noutros contextos que têm grande categoria e capacidade. Não são muitos, mas são alguns”, afirma.

O Sporting não está muito diferente dos outros, considera: “Se virmos o que se está a passar nesta fase final do campeonato, o Sporting não é mais nem menos que as equipas do topo. À volta dos jogadores da equipa principal fala-se muito e as avaliações são muito precoces e mal-enjorcadas."

Sem mágoa do Sporting e com vontade de treinar


Luís Martins está sem clube, depois de, em 2019, ter sido alvo de despedimento, quando era coordenador técnico da equipa de sub-23 do Sporting. O caso chegaria aos tribunais, onde acabaria resolvido por via de acordo entre as partes.

Em 2016, Luís Martins regressaria a Portugal para assumir a coordenação do futebol de formação do Sporting, onde já tinha trabalhado durante seis temporadas. O segundo ciclo em Alcochete durou três anos, com o treinador a ser vítima da reestruturação que Frederico Varandas encetou no início de 2019. Para Luís, o momento é de desfrutar da família e preparar o regresso aos relvados de futebol, eventualmente outra vez lá fora.

“Gosto muito do meu país, mas aquilo que fiz nos últimos anos foi no estrangeiro. Não ponho de parte a hipótese de voltar a trabalhar em Portugal; têm surgido alguns convites que não tem sido possível converter em processo de trabalho, mas estou aberto a qualquer uma das hipóteses”.

Questionado pela Renascença sobre se sente mágoa pela forma como saiu do Sporting, Luís Martins responde: “Não, o Sporting não me magoou. As pessoas talvez, algumas, mas felizmente foram poucas."

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