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Agente Bárbara. Quando a voz é uma arma no policiamento de proximidade

15 jun, 2020 - 12:17 • Liliana Carona

Foi militar da Força Aérea durante sete anos, atleta federada de atletismo por mais de 10 e tornou-se agente da PSP ainda nem há um mês. Bárbara veste a farda com o objetivo de estar próxima das comunidades mais vulneráveis.

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O policiamento de proximidade é a grande paixão da agente Bárbara, da PSP, que não se faz rogada em recorrer à música para comunicar. De Oeiras, onde residia, para a Serra da Estrela, donde é natural e presta serviço, Bárbara Lopes canta, faz teatro e voluntariado no IPO de Lisboa.

Debaixo de chuva e de 10 graus, como se de um dia de inverno se tratasse, a agente da PSP de Gouveia Bárbara Lopes estaciona a viatura de serviço no centro da cidade para começar mais uma manhã de serviço.

“Vim para aqui estagiar de 23 de março a 24 de abril, mas devido à situação de pandemia ainda me mantenho por cá e com gosto. Era uma área onde gostava muito de trabalhar, o policiamento de proximidade, regressar às minhas origens – sou daqui perto, de Carvalhal da Louça, concelho de Seia, mas há quatro anos que resido em Oeiras”, revela à Renascença.

Faz precisamente um ano que ingressou no 15° CFA (Curso de Formação de Agentes). “Só fiz o compromisso de honra, dia em que de facto me tornei polícia, no dia 20 de maio deste ano”. Nesse dia, vestiu a farda da PSP pela primeira vez.

“Oficialmente, tornei-me agente nem há um mês”, conta, salientando ter residência há quatro anos em Oeiras, mas “sempre com vontade de regressar às origens e viver o policiamento de proximidade", garante.

A agente da PSP está há cerca de um mês a trabalhar na Serra da Estrela, em Gouveia, num concelho onde a maioria da população é idosa, se reportarmos ao último relatório revelado em 2014, "Cidades Portuguesas: Um Retrato Estatístico", do Instituto Nacional de Estatística com dados relativos a 2011, em que a cidade de Gouveia, no distrito da Guarda, era a cidade mais envelhecida do país com 246 idosos para cada 100 jovens.

Conceição Saraiva, 83 anos, todos os dias liga para a esquadra de Gouveia e já conhecia bem Bárbara Lopes pela voz. “Portanto é polícia, atriz, cantora…cante lá a Mariza, vá lá, para eu ouvir”, pede em tom de afinidade.

Acha muito improvável uma agente da polícia cantar?”, desafia a agente da PSP, antes de demonstrar os dotes vocais com o tema “Chuva” de Mariza.

Apesar do mau tempo, quem escutou parou para ouvir a agente da PSP cantar.

Conceição elogia não só a voz, como o trabalho. “Se eu ligar para a esquadra, ela atende logo, nunca diz que não”, revela. Bárbara confirma que “a D. Conceição é a pessoa que liga todos os dias para a esquadra, só para dizer que já vai para a cama. Uma vez até ligámos a sirene ao pé da casa dela para saber que não está só”.

Élia Martins, 82 anos, desconfia da jovialidade da agente. “Se não trouxesse a farda, nem parecia polícia. É tão novinha, tem voz de menina”, considera.

A voz de menina corresponde a uma mulher. Bárbara Lopes já sabe que o policiamento de proximidade é a sua paixão e com música à mistura.

“Cantar aproxima, a música até arrepia, toca as pessoas e o serviço da PSP tem muito a ver com o policiamento de proximidade, com a comunicação com a sociedade. A música toca as pessoas, adoro que as pessoas percebam que estamos aqui para servir a população”, diz a agente, que subiu ao palco a primeira vez com sete anos, para representar a Ruth Marlene e o tema “Pisca Pisca”.

E pela voz e pelo sorriso constante, Bárbara Lopes comunica com facilidade com os mais velhos, mas também com os mais novos, como Fábio Miguel, de 26 anos. “É a primeira vez que vejo uma agente a cantar na via pública. Era bom se pegasse moda, víamos todos os agentes a alegrar as pessoas”, defende

A agente Bárbara tem um projeto musical próprio, com “showcases” na FNAC do Vasco da Gama, Oeiras Parque, Allegro Alfragide. Faz teatro e ainda participa em ações de voluntariado na pediatria do IPO de Lisboa, onde a voz é novamente a sua principal arma.

“Sou voluntária na pediatria do IPO de Lisboa, desde 2015, em Sete Rios. Sempre foi o meu objetivo, adoro lidar com crianças, são muito genuínas”, sorri.

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