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​Ford Ranger Raptor – Preparado para o fim do mundo

12 jun, 2020 - 17:54 • José Carlos Silva

Se procura um veículo discreto, para andar em ruas estreitas, para estacionar à primeira em qualquer buraquinho, procure outro. Se tem espírito aventureiro, se gosta de navegar sem mapa, se quer um carro com boas prestações em estrada e muito melhor fora delas, e tem 64 mil euros para gastar e dinheiro para combustível, então, esta é uma boa opção.

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Se o Chuck Norris fosse português, conduziria uma Ford Ranger Raptor.

Não é o mesmo que a norte-americana Ford F-150 Raptor, de que herdou muitos genes, mas para Portugal e para boa parte da Europa este será o modelo mais apetitoso.

Logo à partida não tem o “guloso” motor norte-americano, com um estábulo recheado de cavalos, e um depósito de combustível à altura. Não. A Ford Ranger Raptor à venda em Portugal é mais comedida nas prestações e nos consumos.

Por fora, tem uma imagem marcante, imponente. Os pneus de grandes dimensões (33 polegadas) quase engolem as pequenas jantes. A suspensão é uma obra de arte de engenharia e empurra a carroçaria bem para cima.

A versão que testámos tinha a caixa fechada com boa capacidade de carga. Tinha também os autocolantes a desenhar a traseira, que custam uns impressionantes… 900 euros!

Na frente destaca-se a grelha em negro, de grandes dimensões, com as letras FORD a ocuparem todo o espaço. É possível distinguir a marca a algumas centenas de metros de distância.

Marcante é igualmente a protecção do motor, em cor diversa da carroçaria, e o degrau ao longo das portas e que facilita e muito a entrada e saída deste "monstro". As protecções plásticas nas embaladeiras das rodas são generosas, e cumprem bem a sua função fora de estrada.

Interior

O espaço interior desta Ford Ranger Raptor é generoso. Ou não fosse esta uma carrinha larga. Compensa-se no espaço interior, os constrangimentos que o condutor pode sentir quando circula em estradas mais estreitas, ou no cruzamento de veículos.

A posição de condução é facilmente regulável, e podemos afirmar que este é um veículo confortável mesmo em viagens mais longas. O espaço para as pernas traseiras é superior, o ar-condicionado eficaz, tal como a visibilidade, que em última instância pode apenas sair prejudicada no óculo traseiro pelo facto do condutor estar numa posição superior, e ter de saber lidar com a presença dos apoios de cabeça traseiros. Enfim, nada de muito importante que não se resolva com a câmara de marcha-atrás com que vinha equipada a versão testada.

Os plásticos são de qualidade mais do que razoável, não produzem ruídos parasita. E já que de ruídos falamos, a velocidade mais elevada, e com as janelas abertas, há alguma intrusão do barulho do vento. Mas é bom lembrar, a aerodinâmica não será o maior trunfo deste modelo, nem foi criado para isso.

Motor

A Ford Ranger Raptor vem equipada com um bloco dois litros a gasóleo com uma potência de 213 cavalos. A caixa automática é de dez velocidades e, dito isto, é possível adivinhar que tem ampla capacidade de escolha para optar pela velocidade mais adequada a cada momento de condução. As passagens de caixa são muito suaves.

Do zero aos 100 vai em 10,5 segundos, o que é obra para as duas toneladas de peso que arrasta, e para a resistência ao ar que naturalmente comporta.

Mas é fora de estrada que a Ford Ranger Raptor mostra para aquilo que foi feita. Imagine um estradão, imagine uma Baja. É este o seu terreno. Puxar por esta máquina é soberbo, com um comportamento incrível a que não é de todo estranha a suspensão com um curso e uma capacidade superior, ainda para mais num veículo de fábrica.

Suspensão

Neste capítulo, pois, não parece acabado de sair da fábrica, mas transformado algures. Contudo, se dissermos que a suspensão foi inspirada pela equipa FOX Pro Team, é mais fácil soltar um: Ahhhhh!!

Agora imagine que o tal estradão tem lombas sucessivas e algumas delas bem cavadas. O comportamento volta a ser de excepção. Em momento algum esgotámos o curso da suspensão, em momento algum ela “bateu” apesar de algumas vezes temermos que isso pudesse acontecer.

Imagine já agora - se não for pedir muito - que tem um troço de terra, com buracos bem cavados à esquerda e à direita: Nada, parece impossível de ultrapassar para este monstro. E de novo, pela elevada altura ao solo, o chassis nunca roçou no chão.

Em terrenos arenosos, parece flutuar lenta, mas decididamente. E se o condutor não se sentir muito à vontade pode selecionar vários modos de condução além do modo normal, como condução em areia, gravilha, desportivo, etc.

Não parece necessário, mas já agora, fica a indicação que o condutor pode optar também pelas duas rodas motrizes, quatro rodas motrizes, e redutoras.

Em termos de consumo de combustível, não foi possível fazer melhor de 9,3 litros aos 100 quilómetros. Sendo que não é difícil fazer este valor ir à casa dos 13. Para o veículo que é, é perfeitamente compreensível.

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