12 jun, 2020 - 12:45 • José Pedro Pinto
O desconfinamento está a custar a muitas equipas em Portugal e pela Europa fora, mas o caso do Benfica assume contornos "ridículos" e de autêntica "anedota".
É de forma cáustica que José Ribeiro e Castro reage, em Bola Branca, ao regresso em falso da equipa à Primeira Liga, com o cúmulo do desperdício de oportunidades a ter epicentro no empate surpreendentemente concedido a sul, no Algarve, diante do Portimonense (2-2).
O antigo vice-presidente do Benfica não poupa nas críticas, dirigidas a toda a estrutura do futebol das águias e lança um repto a Luís Filipe Vieira, Bruno Lage e jogadores, alvos de intensa contestação por parte dos adeptos.
"De facto, é muito triste que, tendo o Benfica recomeçado esta reta final do campeonato em desvantagem face ao FC Porto e tendo estado ao seu alcance conquistar uma vantagem importante a tenha desperdiçado, bem como a igualdade de pontos que havia conseguido. É uma anedota, uma brincadeira, soa a ridículo e não está à altura das aspirações dos benfiquistas. Estou seguro que os dirigentes, treinador e jogadores saberão ouvir esta mensagem da parte do clube e estar à altura das suas responsabilidades", dispara Ribeiro e Castro, focando-se no passado recente e na forma explícita como a incapacidade encarnada veio à tona no barlavento algarvio.
"O Benfica está bastante aquém daquilo que os adeptos esperariam. Desperdiçou frente ao Tondela para se adiantar face ao FC Porto. E neste jogo em Portimão [empate a duas bolas, com o Benfica a chegar ao intervalo a vencer o penúltimo classificado por 2-0], perdemos uma vantagem de forma bastante infantil e imprópria para um clube da experiência do Benfica. Espero que sirva de emenda", analisa o ex-presidente do CDS-PP.
Mais do que Vieira ou do que os próprios jogadores, a cabeça que os adeptos pedem, nesta altura, é a do treinador. Bruno Lage há muito perdeu o "estado de graça" que a conquista do campeonato de 2019/20 lhe granjeou mas Ribeiro e Castro rejeita embarcar no coro de vozes que pedem a saída imediata do técnico. A culpa não pode residir nos ombros de um só homem e a todos tem de ser exigido bem mais.
"Não vou dar para esse peditório. Não falta muito para a época acabar e os benfiquistas têm de acreditar na recuperação da equipa e que a equipa esteja ao seu nível e que faça boa figura, para conquistar o campeonato. Não vou contribuir para criar mais tensões e dificuldades mas temos de exigir da equipa técnica e dos jogadores um desempenho esforçado e de qualidade. Ao nível do Benfica", reforça o ex-dirigente dos encarnados.
Ora, com o FC Porto a dois pontos de distância, segue-se para o Benfica uma tradicionalmente deslocação a Vila do Conde para defrontar o candidato à Europa Rio Ave. Na próxima jornada, os dragões vão a Santo Tirso defrontar o virtualmente despromovido Desportivo das Aves mas confrontado por Bola Branca com a diferença de exigência teórica do calendário dos dois candidatos ao título, Ribeiro e Castro opta por um atalho de foice.
"O Benfica tem de ganhar todos os jogos até ao final. Ponto final. Senão, não será campeão. É isso que se exige à equipa: ganhar todos os jogos até ao final. Mais nada", remata Ribeiro e Castro.