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​D. Manuel Clemente despede-se da liderança da CEP e apela a rejuvenescimento

11 jun, 2020 - 15:19 • Susana Madureira Martins e Eunice Lourenço

Eleições entre os bispos portugueses para escolher novo conselho permanente são na próxima semana.

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O cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, confirma que vai deixar a presidência da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e apela a um rejuvenescimento da comissão permanente da CEP, nas eleições que vão decorrer na próxima semana, em Fátima.

“Já esgotei os tempos todos. Os mandatos são renovados por um prazo e em princípio são no máximo seis anos, eu já fiz sete porque tive de completar o mandato do meu antecessor e agora não sou obviamente candidato”, disse D. Manuel Clemente aos jornalistas no fim das cerimónias do Dia de Corpo de Deus, que decorreram na Sé de Lisboa.

“Até é bom que se rejuvenesçam estes órgãos da conferência episcopal. Somos 20 bispos diocesanos, mais o bispo das Forças Armadas, temos vários bispos auxiliares em exercício e até gente mais nova para que o trabalho continue com vigor e com criatividade”, prosseguiu o ainda presidente da CEP, depois de, no Terreiro da Sé, ter abençoado a cidade de Lisboa com o Santíssimo Sacramento.

As eleições para o novo conselho permanente da CEP deviam ter acontecido em abril, mas foram adiadas devido à pandemia de Covid-19. A assembleia plenária dos bispos está agora marcada para começar segunda-feira, dia 15, em Fátima.

Problemas económicos das paróquias e “generosidade”

Nas declarações aos jornalistas, D. Manuel Clemente também se pronunciou sobre os estragos financeiros que a pandemia causou nas paróquias, mas manifestou esperança na resolução dos problemas económicos das paróquias e de instituições ligadas à Igreja.

“Tanto quanto vou sabendo, e vou sabendo pelas paróquias e pelas instituições, é efetivamente um problema e um grande problema porque, como podem imaginar, muitas destas instituições vivem do voluntariado, mas também há gente profissionalizada que precisa de garantir variadíssimos serviços e, não havendo receita tudo isso se torna mais difícil”, reconheceu.

E logo acrescentou: “também reparo, num e noutro caso, padres que me confidenciam e partilham que, apelando à boa vontade dos fiéis, dos paroquianos e de outros e expondo o problema, a resposta também não falta em termos de generosidade. Creio que também aí as coisas se vão compor”.

Quanto ao papel da Igreja nesta crise, D. Manuel Clemente aponta sobretudo o desempenho dos leigos.

“Quando falamos da Igreja estamos a falar dos crentes e eles estão aí na sociedade, nas empresas, nos trabalhos, aqueles que conseguem ter trabalho, estão em tudo naquilo que é a vida social e essas organizações da Igreja”, como a Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) que aponta caminhos para “reduzir ao mínimo todos os estragos que uma crise destas pode trazer”.

“Essa é a resposta da Igreja. Nós, da parte dos bispos e dos padres estamos com eles, damos apoio espiritual que podemos dar, com presença, com amizade e com companhia”, disse o patriarca, que faz uma avaliação muito positiva da forma como as autoridades portuguesas têm estado a dar resposta à pandemia.

“Da parte das autoridades de saúde e governamentais e concelhias, creio que todas têm respondido geralmente bem e muito bem, porque isto é uma situação imprevista. Faz lembrar aquele verso da Sophia de Mello Breyner sobre os antigos navegadores que navegavam sem o mapa que faziam. Estamos a fazer o mapa de um mar que nunca navegámos. Por isso e atendendo ao inédito da situação, só posso elogiar o que tem acontecido de maneira geral desde o primeiro momento da parte das autoridades a todos os níveis”, afirmou D. Manuel Clemente, concluindo que está “satisfeito com o empenho e com a vontade de acertar” e que espera que esta situação imprevista não se volte a repetir.

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