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OCDE prevê recessão de 11,3% em Portugal com segunda vaga de contágios

10 jun, 2020 - 10:22 • Lusa

Em cima da mesa estão dois cenários, consoante o país enfrente ou não uma segunda onda de contágios do novo coronavírus, sendo que em ambos é antecipada uma recessão mais forte do que o Governo.

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A OCDE admite que a economia portuguesa possa cair 11,3% em 2020 e que o desemprego aumente para 13%, se houver uma segunda onde de contágios, antecipando uma retoma lenta e que podem ser necessárias medidas de apoio adicionais.

No relatório com as previsões económicas mundiais divulgado, esta quarta-feira, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) considera dois cenários para evolução da economia portuguesa em 2020 e 2021 consoante o país enfrente ou não uma segunda onda de contágios do novo coronavírus, sendo que em ambos o caso antecipa uma recessão mais forte do que o Governo.

Num cenário que considera apenas a onda de contágios verificada na fase inicial da pandemia de Covid-19 e as medidas de confinamento então tomadas, a OCDE projeta uma recessão de 9,4% este ano e um crescimento do PIB de 6,3% no próximo ano.

No cenário macroeconómico que acompanha a proposta de Orçamento Suplementar para 2020, o Governo aponta para uma contração do PIB de 6,9% em 2020 devido aos efeitos da pandemia.

Assumindo uma segunda onda e novas medidas de confinamento, a OCDE vê o Produto Interno Bruto (PIB) a registar uma quebra de 11,3% em 2020, seguida de um crescimento de 4,8% em 2021.

Relativamente ao desemprego, a OCDE antecipa que a taxa suba para 13,0% em 2020, registando uma descida para 11,8% no próximo ano - tendo em conta o cenário de uma segunda vaga de infeções.

O efeito da pandemia nas exportações será também significativo, com a OCDE a projetar uma queda de 18,5% nas vendas ao exterior, ainda que antecipe que este indicador regresse a terreno positivo no ano seguinte, aumentando 3,5%.

Assinalando que o período de confinamento de cerca de dois meses levou a uma quebra homóloga de 20% da atividade económica, a OCDE sublinha que, apesar de o processo de fim do confinamento ter começado em maio, a recuperação vai ser lenta e que poderão ser necessárias medidas adicionais, para além das já tomadas pelo Governo e do novo pacote de medidas para a segunda metade do ano, contemplado no Programa de Estabilização Económica e Financeira (PEES).

"Poderão ser necessárias medidas adicionais" sobretudo se houver uma nova vaga de infeções e necessidade de novo confinamento, refere a OCDE, assinalando que a subida do valor pago aos trabalhadores colocados em lay-off permitirá dar maior suporte ao rendimento familiar e substituir outras medidas de apoio, como a dos empréstimos para o pagamento de rendas.

A OCDE defende também medidas que garantam a viabilidade económica das empresas a longo prazo, nomeadamente a concessão de garantias públicas para evitar uma escalada do incumprimento de crédito e a redução de impostos em substituição da atual medida que permite o pagamento faseado de alguns impostos.

Após o excedente orçamental registado em 2019, a OCDE estima agora que Portugal tenha pela frente dois anos consecutivos de forte desequilíbrio, apontando para um défice de 9,5% em 2020 e de 7,4% em 2021 no cenário de segunda vaga de contágios e necessidade de novo confinamento.

Na ausência de nova vaga da doença, o défice deverá ser de 7,9% este ano e de 4,7% em 2021.

Também aqui as previsões da OCDE são mais pessimistas do que as do Governo português que espera um défice das contas públicas de 6,3% do PIB em 2020.

Comentários
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  • Cidadao
    10 jun, 2020 Lisboa 14:58
    Mais por isso que por outra coisa, o Centeno se pôs a mexer. É que ele só é ministro para cativações, recolher impostos, aproveitar conjuntura e ventos favoráveis e assim, apresentar bons números. Aquilo que aí vem, e o que vai ser preciso fazer para enfrentar essa situação, não é para ele.

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