09 jun, 2020 - 17:42 • Hugo Monteiro
O escritor e professor universitário, que reside nos Estados Unidos, Onésimo Teotónio de Almeida, considera que os protestos que tiveram início com a morte de George Floyd, num episódio de violência policial, poderão ser inconsequentes se não tiverem expressão nas eleições presidenciais norte-americanas de novembro.
Em entrevista à Renascença, o professor escolhido por Marcelo Rebelo de Sousa para presidir às comemorações do 10 de junho em 2018, começa por lembrar que “há manifestações, por exemplo em Washington, que são contra Donald Trump, porque há muita gente que está a aproveitar para espalhar uma tomada de consciência contra o aumento das diferenças económicas entre ricos e pobres nos Estados Unidos”.
“Isto está a ser uma mistura de movimentos e objetivos”, que, “se não sair traduzido em votos, se as pessoas não forem votar e se Trump voltar a ser eleito, a situação vai piorar”.
Por isso, Onésimo Teotónio de Almeida diz que “mais do que as manifestações nas ruas – que muitas vezes servem para as pessoas explodirem emotivamente -, o que vai realmente vai contar é o que sair das urnas em novembro”.
“Agora, vai ser possível suster, manter, aguentar todo este movimento e canalizá-lo para se manifestar em votos?”, questiona o escritor e professor universitário, que conclui: “Se isso não acontecer, teremos mais quatro anos disto. Porque tudo isto está acicatado por Trump”.
Onésimo Teotónio de Almeida lembra que, com as suas recentes atitudes Donald Trump está a perder alguns apoios importantes, “como Colin Powell e George W. Bush”, para além de haver um movimento dos chamados indecisos.
“Apesar de nunca perder a sua base de apoio, muitos daqueles que se mudaram para ele em 2015 – os indecisos – estão a abandoná-lo”, sublinha.
Quanto às manifestações, e à forma como elas estão a decorrer, Onésimo Teotónio de Almeida descreve o cenário que pode ver nas ruas da sua cidade: “em termos de percentagem, eu posso dizer que entre os participantes haveria uma pessoa negra, para oito pessoas brancas. O que significa que os Estados Unidos têm aprendido alguma coisa, que há muita gente branca a favor desta causa, e que isto não pode ser lido como uma causa que opõe negros e brancos.”