06 jun, 2020 - 10:41 • José Pedro Frazão
Jaime Gama avisa que estamos ainda a meio caminho e pode haver uma recaída, mas conclui que Portugal esteve bem até aqui na gestão da pandemia do novo coronavírus.
O antigo presidente da Assembleia da República e atual presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos partilha as suas notas sobre a pandemia e o mundo num programa especial Da Capa à Contracapa, realizado na Praça da Fundação virtual daquela instituição na sexta-feira.
"Não estamos no lado da má figura. Estamos colocados do lado do pragmatismo realista. Demonstraram-se a maturidade e a consciência cívica de um povo capaz de obedecer antes que lhe peçam para cumprir. Isso é um capital muito importante e é um bom presságio para o tempo que vem aí", afirma Jaime Gama, em entrevista a José Pedro Frazão.
Da Capa à Contracapa
O antigo presidente do Parlamento reflete sobre os(...)
O histórico chefe da diplomacia portuguesa argumenta que Portugal tem também interesse num quadro internacional mais estável, num momento em que se a acentua a tensão entre China e Estados Unidos.
"É importante trabalhar para reconstituir uma ordem internacional em que a geopolítica tenha regras e não apenas a ambição desenfreada das partes. A reconstituição da comunidade internacional, da sua legitimidade, dos seus valores e do seu funcionamento regular é uma prioridade absoluta para um país da dimensão e também tradição e a experiência do nosso na vida internacional", alerta Gama na Renascença.
O antigo número dois do Estado gostaria ainda de "ver abolido" o lugar-comum em torno da ideia de uma clivagem Norte-Sul.
"Há muito Sul no Norte e muito Norte no Sul. Arrumar com simplificação essas geolocalizações pode ser uma forma de não ver nem entender nada", remata Jaime Gama.
O presidente da FFMS comenta ainda os efeitos da pandemia na União Europeia. Leia tudo aqui.