03 jun, 2020 - 08:27 • Fátima Casanova
Num tempo de grandes desafios e de muitas incertezas por causa da pandemia, Pedro Dominguinhos avança, nesta quarta-feira, para mais dois anos à frente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP).
Mas o novo mandato começa com estas instituições longe de estarem em equilíbrio financeiro.
Os últimos meses foram de aumento da despesa e de diminuição de receitas, o que é evidente nos serviços de ação social, “quer com refeições quer com as receitas com alojamento, dos clubes desportivos e também das propinas”, para além da prestação de serviços às empresas, enumera Pedro Dominguinhos.
Já do lado da despesa, as contas são de somar. O também presidente do politécnico de Setúbal coloca logo na primeira parcela os equipamentos de proteção individual (EPI) para distribuir por toda a comunidade académica da instituição sadina: são “cerca de 300 mil euros de EPIs para distribuir aos estudantes e aos funcionários, em termos anuais”.
A isto junta-se, “do lado da ação social, um défice de 250 mil euros”.
Pedro Dominguinhos diz à Renascença que é preciso encontrar soluções para injetar dinheiro nos politécnicos “ou através do Orçamento do Estado ou de fundos comunitários que permitam este equilíbrio financeiro”.
As contas são do conselho coordenador dos politécn(...)
As contas começam a ser feitas neste mês de junho, mas é preciso deixar em aberto a parcela das propinas, cujo prazo para pagamento foi dilatado até setembro, para ajudar as famílias.
Pedro Dominguinhos pede mais apoios, porque “as famílias estão a sentir os efeitos da pandemia, porque estão em ‘lay-off’ ou porque ficaram desempregados e houve uma diminuição de rendimentos”.
Por isso, o presidente do CCISP defende que “é importante haver essa aposta muito grande e muito estratégica no reforço da ação social”.
Mas as prioridades para este novo mandato não se ficam por aqui. Nesta quarta-feira, na cerimónia de tomada de posse, vai ser a oportunidade para apresentar o programa de reforço de competências na área das tecnologias de informação e comunicação.
Trata-se de um projeto que junta politécnicos, Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e a Associação para o Desenvolvimento das Comunicações.
Segundo Pedro Dominguinhos, a “formação decorre em diferentes áreas: vai ter java, dotnet, cobol, vai ter cloud, segurança de informação, cibersegurança, integração de sistemas”.
O programa fica fechado na próxima sexta-feira e prevê que a parte mais teórica seja da responsabilidade dos politécnicos.
“Haverá um estágio com a atribuição de uma bolsa equivalente ao salário mínimo nacional. Os formandos podem aceder depois a um emprego, cujo ordenado inicial será de 1 200 euros brutos”, adianta.
O processo de seleção dos candidatos para o programa UPskill decorre aqui, neste site.
A formação é, de resto, uma das prioridades de Pedro Dominguinhos para o novo mandato. Quer captar mais estudantes e para isso propõe-se “adequar horários, com mais horas em regime pós-laboral e reforço de ‘e-learning’”.
Reforçar a notoriedade dos politécnicos também é uma aposta. Pedro Dominguinhos propõe a alteração de nome para Universidade Politécnica, “algo que poderia ser realizado, mantendo sempre a matriz politécnica, a sua ligação aos territórios e a sua aposta em formações profissionalizantes”.