Ler ajudou 80% das crianças a esquecer a pandemia

31 mai, 2020 - 09:34 • Maria João Costa

Um estudo sobre hábitos de leitura revela que 59% dos pais passou a ler mais aos filhos durante a quarentena. Já os pais cujos filhos são autónomos na leitura, 61% diz que estes leram mais em confinamento.

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Alguma coisa de boa haveríamos de tirar desta pandemia. E a conclusão do estudo agora revelado é uma delas. Um inquérito sobre os hábitos de leitura das crianças mostra que entre os pais cujos filhos ainda não sabem ler, mais de metade, ou seja, 59% reconhece que passou a ler mais para os filhos na quarentena. Também 80% confirma que a leitura ajudou as crianças a esquecerem a pandemia.

Um estudo a que a Renascença teve acesso, realizado pelo Grupo editorial LeYa, no âmbito do primeiro aniversário do Clube de LeYtura mostra que entre as crianças que já sabem ler, 61% dos pais confirma que os filhos “leram mais frequentemente a partir do momento em que se viram em situação de confinamento”. O mesmo inquérito que recebeu mais de 2400 respostas, revela que a maioria dos pais, ou seja 80,6% “considera que a leitura ajudou, mesmo, a esquecer a pandemia”.

Também durante o estado de emergência e de calamidade decretado por causa da Covid-19, mais de metade dos pais inquiridos admite “que a quarentena lhes deu mais tempo para ler para os filhos”. Sobre as virtudes da leitura, “entre pais cujos filhos não são leitores autónomos, 46% aponta o desenvolvimento da linguagem e da imaginação como as principais razões pelas quais leem para os filhos” e 97% acha que no futuro os filhos vão ganhar “hábitos de leitura consistentes”.

Entre os pais dos filhos que já dispensam os seus progenitores para ler um livro, a maioria, ou seja, 87% diz que quando eles não sabiam ainda ler, tinham o hábito de lhes lerem livros. Ainda assim, 84,5%, no entanto, “gostaria que os filhos lessem mais” e 80% reconhece que a leitura é uma atividade que une a família.

Com este inquérito a LeYa assinala o primeiro aniversário do Clube de LeYtura, lançado no ano passado durante a Feira do Livro de Lisboa e que pretende dar ás crianças de várias faixas etárias, a cada mês dois livros escolhidos por autores, editores, ilustradores, professores e outros especialistas. Este clube de subscrição assinala esse aniversário no Dia Mundial da Criança com a apresentação do resultado deste estudo.

Ler antes de ir para a cama

O inquérito mostra ainda alguns hábitos de leitura em família. Para os mais pequenos que ainda não sabem ler, 43% dos pais diz que lê diariamente aos filhos. 75% das famílias admite que a leitura é na hora de ir para a cama e é feita sobretudo durante a semana. Só 36% prefere o fim-de-semana.

Embora o estudo mostre que “ver televisão e jogar jogos eletrónicos são as atividades de maior preferência das crianças” e que “a leitura é a atividade que as crianças menos preferem”, no que toca aos livros que escolhem para ler, mais de 27% diz que são livros de fantasia, seguidos pelos livros com atividades.

Entre os mais velhos, que já são autónomos na leitura, durante a quarentena dizem 33,3% dos pais que os filhos preferiram ler livros de aventura e suspense e outros mais de 28% livros com atividades. Também entre os mais crescidos “jogar jogos eletrónicos é a atividade preferida”. A leitura surge como “a atividade menos preferida”. Talvez por isso, 84,5% dos pais diz que gostaria que os filhos lessem mais.

Estes pequenos leitores autónomos também preferem ler antes de dormir (47,5), alguns (31.7%) gostam mais de ler ao final da tarde. Mais de metade dos pais (51%) consideram que os filhos têm hábitos de leitura consistentes.

Embora quase todos os pais (99,1%) acham que a leitura melhora o desempenho escolar dos filhos, a maioria “revela não saber como fazer para que os filhos leiam mais.”

Onde e como compram livros

Este inquérito levado a cabo pela LeYa, prevê também um conjunto de perguntas relacionadas com os hábitos de compra de livros e revela que 40% dos inquiridos não compra livros regularmente.

Há ainda 31% que compra livros de três em três meses. Cerca de 19% compram livros duas vezes por ano, 12% compram uma vez por ano e 9% raramente compra.

O mesmo inquérito revela ainda que 71% refere que costuma comprar livros infantis, mas a questão do preço “é sempre um fator de peso nos hábitos e comportamentos de compra” diz o estudo que aponta que “84% dos inquiridos refere que se os livros fossem mais baratos, comprariam mais”.

Um dado para o promotor do estudo, a LeYa, e em especial no âmbito do aniversário do Clube de LeYtura é que 71% “reconhece que os filhos leriam mais caso especialistas selecionassem para eles os livros adequados”.

Clube de LeYtura faz um ano

Entre os curadores do Clube de LeYtura estão escritores como Afonso Cruz; Alice Vieira; Ana Maria Magalhães; António Mota; Isabel Alçada; Margarida Fonseca Santos; Maria João Lopo de Carvalho, entre outros.

São eles que pensam que livros devem seguir pelo correio para casa dos subscritores. Os livros, dois por mês, são escolhidos em função da idade do leitor.

Lançado a 1 de junho de 2019, o Clube de LeYtura funciona com um simples registo em clubedeleytura.com e permite que crianças e jovens portugueses recebam, todos os meses, dois livros cuidadosamente selecionados. O Clube prevê cinco faixas etárias, entre os 0 e os 13 anos e prevê assim ajudar a criar hábitos de leitura entre os mais novos. “A subscrição do Clube custa 9,90€ por mês, o que equivale a um desconto de cerca de 40% face ao preço de capa dos livros”, explica a LeYa em comunicado.

O estudo sobre os hábitos de leitura

O estudo agora apresentado no âmbito do primeiro aniversário do Clube de LeYtura foi “realizado através do Google Forms junto de mais de 140 mil Encarregados de Educação de todo o território nacional”.

Dos 2483 inquéritos recebidos, 92,6% referem-se a crianças com mais de 6 anos e 7,4% a crianças dos 0 aos 6 anos. Existe equilíbrio entre os géneros das crianças (53,8% são do sexo feminino e 46,2% do sexo masculino), sendo que o estudo se divide entre os pais cujos filhos são autónomos na leitura (84%) e aqueles cujos filhos não são autónomos na leitura (16%).

Estão representados todos os distritos e regiões autónomas de Portugal, sendo que a maioria das famílias inquiridas se encontram nos distritos de Lisboa, Porto e Setúbal.

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