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EUA

"O racismo não é coisa do passado", dizem bispos americanos

30 mai, 2020 - 16:46 • Filipe d'Avillez

Na sequência do assassinato de George Floyd, no Minneapolis, os bispos americanos pedem que os protestos sejam pacíficos, mas compreendem a revolta dos manifestantes.

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Os bispos americanos emitiram um comunicado na noite de sexta-feira, a propósito da morte de George Floyd, vítima de violência policial, e os consequentes motins que irromperam em Minneapolis e um pouco por todo o país.

No comunicado, assinado por sete bispos presidentes de comissões da conferência episcopal americana, estes avisam que o racismo não é uma coisa do passado nos Estados Unidos.

“Estamos de coração partido, enojados e enfurecidos ao ver mais um vídeo de um homem afro-americano a ser morto diante dos nossos olhos. O que é mais espantoso é que isto tenha acontecido meras semanas depois de eventos semelhantes. Este é o mais recente alerta a que devemos dar atenção em espírito de conversão”, escrevem.

“O racismo não é uma coisa do passado, ou um tema político descartável a ser brandido por conveniência. É antes um perigo verdadeiro e presente que devemos encarar de frente”, consideram os líderes da Igreja Católica americana.

Este é um assunto ao qual os católicos não podem ser indiferentes, diz o comunicado. “Enquanto membros da Igreja temos de defender o bem difícil e as ações justas, e não o errado fácil da indiferença. Não podemos olhar de lado diante destas atrocidades e, ainda assim, professar o respeito por toda a vida humana. Servimos um Deus de amor, misericórdia e justiça”.

Os bispos lamentam assim o assassinato de George Floyd, um negro na cidade de Minneapolis que foi detido por polícias, imobilizado e depois asfixiado quando um dos agentes se ajoelhou no seu pescoço, permanecendo assim durante largos minutos apesar de apelos de transeuntes para que saísse de cima da vítima.

Os bispos criticam, no mesmo documento, as reações violentas que se fizeram sentir em vários pontos do país, mas mostram-se compreensivos com a revolta. “Espera-se que peçamos que os protestos não sejam violentos, e é certamente isso que fazemos, mas também nos colocamos firmemente ao lado das comunidades cuja revolta é compreensível. Demasiadas comunidades neste país sentem que as suas vozes não são ouvidas, que as suas queixas sobre racismo não estão a ser escutadas e não estamos a fazer o suficiente para mostrar que este tratamento mortal é a antítese do Evangelho da Vida”, afirmam os bispos.

O comunicado deixa claro que o racismo deve ser encarado pelos católicos como um assunto ligado à defesa da vida, termo reservado habitualmente a questões como a prevenção do aborto e da eutanásia.

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